segunda-feira, 7 de novembro de 2011

I ached with the weight of my hope.


O mês de outubro foi de tranquilidade, preguiça, muito sono e uma viagem por vários livros até engatar nos últimos volumes de três séries de que gosto muito. Por Night Train to Lisbon, de Pascal Mercier (amo esse nome, Pascal...) e We Need to Talk About Kevin, de Lionel Shriver (a mesma autora de The Post-Birthday World, comentado aqui há uns dois posts), eu passei rapidamente. Mudei de um para o outro, sem saber se minha viagem seria com Mundus em Lisboa (o livro, até onde li, está incrível, uma viagem marcada pelos livros - obrigada pela dica, Gio!) ou com Eve e sua tormentosa reflexão a respeito da maternidade, das concessões que fazemos para nos adaptar a um mundo que nem sempre sentimos como nosso, as próprias falhas, a partir da sua relação cm Kevin, seu filho adolescente que, em um atentado à sua escola, matou alunos e professores. Uma coisa eu digo: se alguém pode escrever bem essa história, sem preguiça ou descaso, é Shriver. Eu o retomei agora em novembro, assim que terminar eu o trarei novamente para o Viagens. Aguardem as cenas do próximo capítulo...

Dos livros em série que li, o mais aguardado era Succubus Revealed, de Richelle Mead, o sexto e último livro da história de Georgina Kincaid. Mead já anunciava o que seria esse final, mas, diferente do que (terrivelmente) fez com Vampire Academy, ela conseguiu fechar bem a história de uma sucubbus que, apesar de ser uma funcionária registrada do Inferno, tenta viver o mais corretamente possível a sua vida, junto aos outros funcionários demoníacos de Seattle - vampiros, duendes, demônios. O demônio chefe de Seattle com o rosto de John Cusack e sua amizade de bebedeiras com o anjo Cartes, um grunge desarrumado e sujo, é uma delícia.
A história é muito bacana, transcorre boa parte numa livraria - mais delicinha ainda! - e o herói total, Seth, é um escritor que diz muito do seu processo de criação, além de um colecionador de camisetas com referências engraçadas da cultura pop.
Adoro quando o autor conversa com o leitor sobre a própria cultura pelos seus personagens e o que eles fazem e gostam. Eu caminho por essas histórias muito feliz. 
Certo que as tramas de Mead são totalmente heartbreaking, o que as torna mais intensas e interessantes. Tudo fica bem quando acaba bem, ok... mas os livros não são somente o final feliz. Que, aliás, eu adoro também. Nada contra nunca!
Não sei se acho bom ou ruim Richelle Mead não ter planejado um spin-off para essa série, com fez com VA. Ela poderia escrever sobre a vida em Seatle depois do furacão Kincaid... mas, anyway, acho bom ela não haver pensado nisso agora, senão seria outra série com fim apressado, descuidado e bobo. E isso de novo não, oh God!
Bite Club, de Rachel Caine, é o 10º livro da série Morganville Vampires. Muito divertida, a série ainda continua legal, apesar de muito longa para a minha tranquilidade de espírito. Afinal, se Charlaine Harris, uma escritora experiente, está conseguindo estragar uma história tão legal quanto a da Sookie Stakehouse (que deu origem à série de TV True Blood, que anda lost in space também), qualquer um pode chegar ao décimo primeiro livro da série e fazer uma baita bagunça. Well, até agora, a história de Claire e seus roommates Shane, Eve e Michael continua interessante e divertida. Tem se mostrado mais intensa, principalmente em Bite Club, com destaque para Shane, um personagem super atormentado que, thanks God, pelo visto não será mal aproveitado ou ignorado. É dele as palavras:
It was like I’d cannibalized parts of myself to stay on my feet, and  now the pain and the emptiness flooded into me and swamped me, and I just wanted to lie down and die. (p. 149).
O décimo primeiro livro já está a caminho. Agora é torcer para o melhor, rs. 

Finalmente, uma série com três livros! E sem rosto na capa...rs. Forever é o último volume de Wolves of Mercy Fall, série de Maggie Stiefvater. Melancólica e poética, a história me conduz por personagens intensos. A opção por várias vozes, a partir do segundo livro, não me deixou muito feliz. Afinal, quem precisa de mais vozes na cabeça...rs. Ok, weird, mas é verdade. Esse radiohead de tanta gente prejudicou um pouco, para mim, a poesia do texto, que é muito bonito. Tirou, também, um pouco da intimidade de caminhar pela tristeza e esperança dos personagens. Mas mesmo assim, é doce e forte. 
A fala de Cole St. Clair (e para que criar personagens se não para lhes dar os nomes mais bizarros...?) me levou a Twilight, à história de Bella e Edward e seu amor obsessivo (sério que eu digitei obsessivo três vezes antes de acertar). Para mim, parecia uma história conversando com a outra e dizendo como se entendem e identificam, mesmo sendo diferentes. Veja aí o que você acha:

The thing I was beginning to figure out about Sam and Grace, the thing about Sam not being able to function without her, was that that sort of love only worked when you were sure both people would always be around for each other. If one half of the equation left, or died, or was slightly less perfect in their love, it became the most tragic, pathetic story invented, laughable in its absurdity. Without Grace, Sam was a joke without a punch line. (p. 115).


Without Grace, I lived a hundred moments other than the one I currently occupied. Every second was filled with someone else’s music or books I’d ever read. (p. 20 - Sam).
 The one thing I couldn’t bring myself to pur away was the sadness of missing Grace. That I kept. I deserved that. I’d earned it. (p.67 - Sam).
One moment I was alone, my morning and my life stretched out in front of me  like frames in a film, each second only slightly different from the last. A miracle of seamless, unnoticed metamorphosis. (p. 67 - Sam).
It seemed like the best weapons in my life had always been the most innocuous: empty plastic bins, a blank CD, an unmarked syringe, my smile in a dark room. (p. 115 - Cole).
“if you stand farther away, maybe,” Rachel said. “I’m sorry, Sam, but I whatch TV. I know how these things go.” (p. 251).

Desânimo total para chegar ao cinema. Não sei se sou eu ou a programação que não ajuda... Olha os filmes em cartaz e nada me atraía muito. Nesta semana, as coisas melhoraram, Melancolia finalmente (!!!) entrou em cartaz e logo novas salas abrirão no Casa Park. Dias melhores virão...
Assim, ao cinema cheguei somente pelas crianças, e valeu muito. Com os dois cara-pálidas, uma menina de 7, um pitoco de 3, fomos ver Smurfs, de novo, com a Mari. Pedro ainda não havia assistido o filme, e eu estou para ver uma criatura rir tanto. Uma delícia de felicidade! Eu, que não havia gostado nada do filme da primeira vez, passei a vê-lo de forma diferente. As gargalhadas queridas do Pepê deram outra sentido para o que eu via. Sem a Mari dessa vez, nós três vimos Gigantes de Aço (Real Steel. Shawn Levy, US, 2011), um filme meio apelativo sobre a união de pai e filho e, por isso mesmo, super emocionante : ). Hugh Jackman num filme é sempre bom, a história dos robôs é divertida, cheia de adrenalina. Pedro ficou vidrado, preso mais nas cenas entre pai e filho do que nas lutas. Ao final, uma cena incrível para mim: no filme, todos felizes, emocionados, comemorando, Pedro se vira para mim e Marcela e, pequenininho que é, abraçou e beijou nós duas, emocionadíssimo. Depois saiu dançando, feliz. 
Uma cena querida para ficar na lembrança e virar uma história feliz.


O mais importante eu ia esquecendo... Em outubro, nos Estados Unidos, entre as várias novas estreias na televisão, surgiram séries muito legais. Entre elas, uma surpresa especialmente boa:
Big big smile, preparem-se!


Once Upon a Time é uma coisa. Como diria a TT, é de gritar...! A Rainha Malvada da Branca de Neve, sem suportar a felicidade da enteada, lança uma maldição sobre o bosque dos contos de fada. The dark curse, uma maldição terrível, chega para acabar com os finais felizes.

E o que significa isso? Todos os personagens passam a viver no "mundo real", sem lembrarem - com a exceção de alguns poucos - de quem realmente são.  Quem pode pôr fim à maldição (sim, porque toda curse tem seu antídoto...)? A filha da Branca de Neve, claro, que cresceu sem saber quem era e é resgatada desse destino cruel pelo filho que deu para adoção... Belezinha.


Eu li a sinopse com muita desconfiança, mas bastou o episódio piloto para me viciar totalmente e esperar toda semana por um capítulo novo dessa história muito legal, dos criadores de Lost (embora essa seja uma referência contra para mim, depois daquele final surrealmente ruim).

Ficção, realidade, contos de fada... heróis e vilões numa cidade do Maine chamada Storybrooke. Big smile, não disse? 


Não consigo encerrar este post...rs. The never ending post, that is. 


Depois de acrescentar a minha surpresa com Once Upon a Time, liguei a TV para terminar de ver o episódio da semana passada de Grey's Anatomy, série que acompanho desde o início e de que gosto muito. Muitíssimo. 

Um roteiro bem cuidado é sempre uma alegria. Grey's tem uma coerência nesse sentido que me mantém com ela toda semana... além de ser divertidíssima. Mas não foi isso que me levou a trazê-la aqui.
No episódio 808, little Grey atende uma paciente com aneurisma. Ela é escritora e não quer operar porque está terminando o último livro de uma série que escreve há dez anos.
. . .

Então. A escritora tem dores de cabeça horríveis, e como a ficção precisa fazer sentido, mas sempre dá jeitinho de vender o impossível como viável, little Grey a ajuda a digitar o livro. Essa médica ocupadíssima, ainda em residência, começa a ler os livros e a se apaixonar pela história.
Bem-vinda ao clube!


Pouco antes de o aneurisma estourar, a autora dos livros conta o final da história para a sua fiel escudeira. Trata-se de um triângulo amoroso, claro, entre uma moça que viaja no tempo, o seu verdadeiro amor, que é um ladrão safado sem vergonha, e aquele que é o querido das leitoras e ama a heroína profundamente. Mas, claro, não é correspondido de verdade.




Lembram do começo deste post? Sobre como adoro histórias de ficção que trazem a relação de amor, obsessão e fidelidade com os livros e a cultura? 
Encontrar isso na minha série favorita foi, como diria Augusto, the best...


(PS: O título deste post veio de Forever, p. 21)

2 comentários:

  1. Dri, o que mais me chama a atenção na escrita de Lionel Shriver é exatamente a falta de preguiça de enfrentar as situações. Outros, talvez, tergiversassem, mas ela mete a cara no problema até a sua raiz.

    Essa viagem foi longa e muito gostosa!

    A reação do Pedro foi muito fofa. Tenho sentido nos meninos também um impacto de cenas de emoção familiar. Muito gostoso presenciar e fomentar isso neles, né?

    Beijinho!

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  2. Kakal, outra coisa impressionante na Shriver é que cada frase, sentença, tem uma força incrível. É uma dedicação ao como dizer que me encanta. Por isso a leitura é tão densa, principalmente no início do livro. Agora quero muito ler Dupla Falta!

    É muito legal participar da descoberta de mundo dos nossos queridos :) Emoção feliz!!!!

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