domingo, 19 de junho de 2011

Amélie na lua...

Falando em viagens de Amélie, a pessoa viajou à lua...Tirou férias e sumiu do mapa. Paris? Rio de Janeiro? Katmandu? Nope.


Nova série de lobisomens-vampiros-fadas-shapeshifters. Depois de algum tempo sem nenhuma série nova, ao pegar os livros de Mercy Thompson, eu me senti em férias. Não postei os livros à medida que os li porque não qeruia quebrar a diversão... e pensar sobre ela seria uma pausa que eu não qeuria fazer, rs. 


Saudade de ler uma série legal. Feliz que só, estou agora no quinto livro da série, esperando o empréstimo do sexto e último a ser lançado (Thanks, Rita, mais uma vez!!!). Continuo a não gostar de rostos nas capas dos livros, mas as tatuagens de Mercy eu adoro. Queria todas e mais algumas.

Para iniciar a história do seu começo, Mercy Thompson Novels é uma série de Patricia Briggs. Os cinco livros que li até agora são: Moon Called, Blood Bound, Iron Kissed, Bone Crossed e Silver Borne. A protagonista, Mercy, é um personagem forte que nos leva pela narrativa. Como costumo ver nas séries que têm mais de quatro livros, os dois primeiro são quase uma introdução, uma apresentação do mundo em que nos encontramos naquele momento. No terceiro livro, uma super bomba, que define e intensifica a história. Agora é aguardar os demais livros, rezando, torcendo, pedindo aos céus que Patricia Briggs não distorça Mercy e seus supe-friends - weres, vamps, fairies.  

Inadequação. Personagens que estão longe de serem perfeitos - e por isso se tornam mais interessantes -, que encaram os seus desafios. Melancolia. Assim é um pouco a  história de Mercedes Athena Thompson, a walker coyote que cresceu num pack de werewolves. Um pouco parecida com a Rose de Vampire Academy, outras vezes se aproximando da Sookie, eu fico imaginando a Briggs tomando chá com Richelle Mead e Charlaine Harris (VA e Sookie, respectivamente) e tramando plots surreais. As três séries se aproximaram em mim, e das três gosto muito.


“He’s not like the other vampires,” I tried to explain. Even though Stefan was the only vampire I’d ever met, I knew how they were supposed to act. I went to movies like everyone else. (p.150, Moon Called).

Uncle Mike looked like a tavern owner ought to. As if he’d reached into my mind and pulled out all the tavern owners in all the books and movies and stories I’d ever experienced, and then distilled them to produce the perfect caricature. (p. 146, Iron Kissed).

Mas antes das férias, o primeiro livro de junho foi também um empréstimo (dessa vez, da Pati querida!). Travessuras da Menina Má, de Mario Vargas Llosa, foi um livro bastante diferente dos que tenho lido. Uma crônica do século XX e suas revoluções, palco de uma história de amor visceral, neurótica, triste e também divertida. Fiquei presa nele, na trama, e na história bem escrita de Llosa. Um bônus do livro: a reflexão sobre o trabalho do tradutor foi uma conversa boa com A Tarefa do Tradutor, artigo de Walter Benjamin, de 1926.

... uma coisinha à-toa, apenas um intérprete; alguém que, como gostava de nos definir Salomón Toledano, só é quando não é, um hominídeo que existe quando deixa de ser o que é para que, através dele, passem melhor as coisas que os outros pensam e dizem. (p. 113).

Tinha adquirido a habilidade, comum a todo bom intérprete, de conhecer as equivalências entre as palavras sem entender necessariamente seus conteúdos (segundo Salmonón Toledano, entender era contraproducente), e continuei aperfeiçoando o russo... (p.115).

Seria aquela a mesma catedral que foi cenário de tantos séculos da história da França, a mesma que inspirou o romance de Victor Hugo que me deixou tão exaltado quando o li, ainda menino, em Miraflores, na casa da tia Alberta? Era a mesma e também outra, incorporando mitologias e fatos mais recentes. Belíssima, dava impressão de estabilidade e permanência, de ter escapado da usura do tempo. (p. 221).

No meio da "férias", tempo para ir ao cinema, claro.


X Men: Primeira Classe (X Men: First Class. Matthew Vaughn, US, 2011) e Blue Valentine (Namorados para Sempre. Derek Cianfrance, US, 2010) eu vi no mesmo domingo, numa sessão dupla no cinemark. 

O primeiro não me disse muito. Gosto demais das chamadas prequels, pré-sequencias que se referem, explicam ou indicam fatos futuros. Elas brincam com as referências de personagens e situações que já conhecemos, e esse reconhecimento costuma torná-las interessantes. Uma das primeiras que prequências que li foram as relativas a As Brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley. A Casa da Floresta e A Senhora do Lago foram companhias inseparáveis numa viagem que fiz à praia. Escritas 14 e 18 anos após As Brumas, os livros contam a história de personagens que já se encontram adultos nos livros sobre Arthur. 

Às vezes, faço essa inversão de tempo ao ler um livro mais adiantado de uma série, antes de ler o que o precede. Pode fazer uma bagunça com a história, mas também cria uma dinâmica divertida. 

Mas, para mim, First Class  foi frio, mais factual do que narrativo. Apresenta as histórias, mas não as conta. Não me empolguei, e assim segui para o segundo filme, imediatamente a seguir, com mais expectativas...


Blue Valentine não partiu meu coração, não me deixou em estado de choque ou suspensão, mas me disse muito. Uma das coisas que pensei, em meio a uma história muito dolorida, é em como os relacionamentos podem envolver uma desigualdade tal que não há possibilidade de permanência. Essa discrepância pode se formar no modo e nos motivos de o relacionamento existir e ter começado. As expectativas que se têm, o amor de cada um, a conveniência... Trilhas que levam a várias possibilidades, uma delas sendo o ódio e  a perda do respeito pelo outro. Não disse? Triste. 

Numa excursão da escola, com as crianças da pós-graduação, fomos assistir a Somewhere (Um Lugar Qualquer - por falar no trabalho do tradutor... -, de Sofia Coppola, Us, 2010), um filme que, como Blue Valentine, demorou demais a chegar nos cinemas aqui. Tinha também muita expectativa com ele, e assim como o filme anterior, ele as frustou e superou igualmente. Os dois filmes foram bastante diferentes do que eu imaginava. Trouxeram surpresas e me fizeram pensar como trailers, críticas e comentários não conseguem abarcar a nossa experiência no e do cinema. Thanks God.

A conversa com a turma querida depois do filme foi legal também. Ajuda a formar outras imagens do filme e a caminha nele de uma forma mais abrangente. Para mim, que vou ao cinema geralmente sozinha, assistir a um filme em meio a uma quase multidão, rs, foi uma surpresa boa também. 







PS: Depois de conversar com uma amiga querida por email hoje, a respeito deste post, resolvi acrescentar uma parte da nossa conversa. Ela me dizia que não havia gostado de Blue Valentine e que, para ela, algumas cenas de sexo haviam sido desnecessárias. Eu havia esquecido desse aspecto, como o filme mostra, pelo sexo, o lugar em que se encontram os personagens, as suas defesas, expectativas, boicotes, ódios...  O trecho seguinte traz alguns spoilers, não muito sérios, mas referências à trama do filme.


O sexo em Blue Valentine eu achei essencial, porque nele conseguimos ver como as relações estão doentes. Na hora em que o namorado a engravida, dá para ver como ela se subestima e em como a violência é o que ela conhece - pela relação insuportável dos pais dela. Quando ela encontra o personagem de Ryan Gosling, a coisa muda, ele se preocupa em faze-la feliz. É aí que ela pensa que gosta dele, pela diferença que ele representa. Mas não gosta, porque a parada dela é outra mesma, o padrão dela ainda é de  violência e ela não consegue perceber. Daí o sexo doentio na parte do motel. Muito triste... mas faz sentido.






quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sessão Tripla + bonus track



A day in paradise.





Assim eu me sinto quando passo a tarde no cinema. Ou  o dia todo, no meu caso, já que acordei quase às 11 horas... Numa semana boba, meio sem graça, hoje resolvi me manter no cinema. A diferença quando saio é de impressionar. Além, claro, de haver contado com companhias queridas durante o útlimo filme e o jantar!

Não Me Abandone Jamais (Never Let Me Go. Mark Romanek, UK/US) partiu meu coração. O filme é uma adaptação do livro do mesmo nome de Kasuo Ishiguro (dele estou lendo The Remains of the Day, que também chegou aos cinemas).

Inacreditável. Era só isso que me vinha à cabeça. Desde o início já sabia que a experiência ia ser punk. Lembro agora de como me senti no começo de As Horas (The Hours. Stephen Daldry, Us/UK, 2002). Na primeira cena, com a carga de Virginia Woolf a seu Leonard, eu já estava em lágrimas. O filme me tocou tão fortemente que dei uma desculpa para os amigos que estavam comigo e fui sentar em outro lugar da sala, sozinha. Era muita coisa para compartilhar.

Assim me senti hoje, mas, como já fui só, mudei de lugar apenas para me distanciar do senhor que fungava na fileira atrás da minha...
Invrível a extensão de uma história que não se explica demais. Que abarca o mundo sem falar muito. Nas entrelinhas de cada ação, na expressão de cada personagem, a vida se apresentava. A esperança, a incerteza, o amor, a amizade, a submissão, a crueldade, o abandono, a falta de ética. A humanidade.

Intenso, belo, triste. Carey Mulligan está de arrepiar. A atriz que representa sua personagem quando criança é impressionantemente parecida com ela, e não só fisicamente.

O filme todo é de arrepiar. A manipulação do tempo e dos espaços... uma surpresa. Ao final,  tive de me esconder no banheiro, porque não parava de chorar. E não só porque o filme é absurdamente triste, mas porque, mesmo numa trama tão surreal, eu o senti muito próximo. A ficção (científica!) em poesia, abarcando a vida.

Thanks God pela banalidade do segundo filme. Quando parei de chorar e entrei no filme seguinte, pensei que não ia conseguir ficar na história. Mas aos poucos a trama bem conduzida de O Poder e a Lei (The Lincoln Lawyer. Brad Furman, US, 2011) foi levando embora a minha melancolia e me colocando em outro mundo bastante diferente do anterior.

Também contrariamente a Never Let Me Go, O Poder e a Lei foi bastante previsível para mim. Já no início da confusão já sabia o que ia acontecer. A falta de surpresa não me atrapalhou, e segui para o terceiro filme - agora acompanhada de uma amiga querida - mais tranquila.

Good. Sem a folga no meio eu teria desmoronado. Um Novo Despertar (The Beaver. Jodie Foster, US, 2011) não havia me interessado muito, exceto por ser dirigido por Jodie Foster. Mel Gibson não anda muito popular para mim também, rs. Por isso o preconceito é uma companhia complicada para convidar ao cinema. Sem ele, pude ver no filme um retrato muito honesto sobre a depressão, e como é insuportável às vezes, para uma pessoa, ficar consigo mesma, quem dirá com os outros.

No decorrer da história, achei que o filme podia ser muito condescendente e apressado, mas me enganei novamente. E Mel Gibson está incrivelmente bem. Preconceito...rs.



O bonus deste post é o filme que vi ontem na TV a Cabo. Jack e Chloe (Jusqu'a Toi. Jennifer Devoldère,Canadá/ França, 2009) é fofo. Fofo fofo fofo. Desliguei a televisão com corações flutuando ao meu redor.

Uma história contada com cuidado e delicadeza. Gosto muito de Justin Bartha e acho Mélanie Laurent uma atriz linda e forte. Sua Shosanna de Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds. Quentin Tarantino, US/Alemanha, 2009) está em muitas das cenas de que mais gostei no filme (fora o "it'a a Bingo", claro).

Chloe apaixona-se por Jack por acreditar que ele ama o mesmo livro que ela. Veio-me à cabeça o que Robert Johson diz em We, quando analisa o mito do amor romântico por meio da história de Tristão e Isolda (e ela etá esta semana no Degraus de Amélie...). A maior praga da humanidade para o autor, o mito do amor romântico, levaria as pessoas a procurarem um tipo de relacionamento irrealizável. Afinal, um dos seus aspectos é justamente a impossiblidade de sua concretização. Assim, ao procurar o que idealizamos sem olhar realmente o que está à nossa frente, não nos apaixonaríamos pela pessoa, mas pela imagem que projetamos para além dela. Muito psicologismo? Pode ser.



Para mim faz sentido, porque a projeção parece ser uma das atividades favoritas no nosso cotidiano hoje. Projetam-se os sonhos, desejos, frustrações, expectativas, traumas... E aí vira tudo uma confusão. O filme explicita essa confusão e a traz de forma honesta.

Esta, hoje, é a minha palavra. Honestidade ao contar uma história é um atributo precioso para qualquer narrador. Eu a valorizo muito e fico bastante feliz quando a encontro no cinema, mesmo que me parta o coração.

  


  

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Movimento de Proteção aos Personagens de Ficção

Watch Out! Este post está furioso.



Cada vez mais eu penso que, se a pessoa não é George Martin, J.K Rollings ou Marcel Proust (tudo bem, agora apelei), deveria seriamente comprometer-se a escrever apenas trilogia ou, no máximo, uma saga com quatro livros. Nada de lucrar às custas do nosso coração. Personagens e histórias que amo eu vejo se derreterem e virarem uma gosma sem graça na tentativa dos autores de estenderem seus sucessos de venda.  

Foi me sentindo assim que fechei a útlima página do 11º livro da série Sookie Stackhouse, que deu origem à série de TV True Blood (outra que está se desmanchando).  Charlaine Harris tem heroínas interessantes, nonsense e engraçadas (só mulheres brutas, segundo a Rita), em hístórias divertidas e bem escritas. As séries Lily Bard Shakespeare e Aurora Teagarten duraram cinco e oito livros, respectivamente. Foram ótimas, acabaram antes de se tornarem amebas. A série Harper Connely eu não li, mas durou apenas quatro volumes. Então. A pergunta fica: por que Sookie, a personagem mais legal de todas, junto com Eric e Pam, tem de se estender em uma choradeira sem fim, conseguindo obscurecer até os livros anteriores?

Sim, porque o final é fundamental. Não é tudo, mas é essencial à construçao de uma história. Píer Paolo Pasolini já dizia que a edição final da vida de uma pessoa é a morte. Somente ali pode-se fazer um apanhado da sua vida. Um filme também apresenta todas as suas possibilidades ao fim - que pode nos deixar abobados de felicidade por estarmos no cinema, incorformados com o descuido dos realizadores, indiferentes com o que vimos...  Assim também com as séries. Uma sequência ruim - principalmente se for a última - pode obscurecer nosso entusiasmo com o que lemos anteriormente. Da mesma forma, um final incrível consegue amplificar toda a experiência que tivemos com o livro (Hello, Harry Potter).

Outro perigo que pode ocorrer é ultrapassar-se a linha tênue entre o bizarro e o grosseiro sem graça. Na tentativa de criar novas situações, há o sério risco de se perder na própria falta de noção. Em Sookie 11 esse descuido aparece em alguns momentos - eu o senti também na terceira temporada de True Blood (e a foto abaixo diz muito a respeito). Situações absolutamente desnecessárias são colocadas como ousadia. E aqui não se trata de falar do que é politicamente correto, mas do que é humanamente digerível.

Dead Reckoning é boring boring. Sookie se lamenta muito (hum?), Eric está meloso (????), Pam se apaixona e adquire um coração (putz) e Bill volta para a parada. Um personagem com muitas facetas é interessante e surpreendente; um personagem mal construído é outra coisa. Harris, minha querida (eu realmente estou beligerante), uma trama com reviravoltas é uma coisa, manipulação é outra. Please, please, please, não transforme a Sookie numa personagem normal. Ew.

Bom, nem tudo são protestos e indignação. Uma surpresa foi encontrar Lily e Jack, de Shakespeare, em Bon Temps. Meio forçado, mas legal anyway. Eles haviam aparecido em um livro anterior, mas não juntei o nome à pessoa (começão de mosca númeo 285).

Algumas frases de Sookie que se salvaram nesse episódio da sua saga...

"... I don't think God would ever want you to let yourself be beaten to death." Though I was not at all sure what God would want. I probably meant, I think it would have been dumb as hell to let yourself be killed. (p. 61).

The tableau was a poster of what conservataive humans feared most: the corrupt vampire seducing the youth of America, inducting them into orgies of bisexuality and bloodsucking. (p. 77).

Did you have a magic word to open it?
"Abracadabra," I said. "Please and thank you." (135).

"Sookie?" he murmured.
"Bill, thank god you're awake."
"You're unclothed."
Trust a man to mention that first. (p. 226)