quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Spin-off: ver em http://pt.wikipedia.org/wiki/Spin-off


   Depois dos filmes, vêm os livros de julho que ainda não apareceram aqui. Eu havia  parado numa grande decepção com uma das séries de Richelle Mead. 

    Assim, continuei o mês com uma outra série que havia pisado um pouco na bola, mas da qual nem ouso desistir: The Mortal Instruments foi concebida por sua autora, Cassandra Clare, inicialmente como uma trilogia, todos já lançados no Brasil: Cidade dos Ossos, Cidade das Cinzas, Cidade de Vidro. Então, num dia não muito feliz para seus leitores, ela resolveu estender a série para seis livros - talvez pela previsão de adaptação da história para o cinema (depois de muita confusão, o cast já está completo). O quarto, super esperado, foi completamente ugh. Uma história tão legal, um final decente, personagens bacanas... e a pessoa resolve por tudo em risco. Resolveu coloca Jace em risco! Pense... Assim, City of Fallen Angels, além da capa pereba, não me convenceu muito sobre a ideia de dar continuidade à trilogia - uma das minhas preferidas até hoje. 

You know men. We have delicate egos.
 I wouldn't describe Jace's ego as delicate.
No, Jace's is sort of the antiaircraft artillery tank of male  egos, ― Simon admitted.(p.  273).

   O Contrário aconteceu, neste ano, com a série spin-off da mesma autora, Infernal Devices. O primeiro livro, Clockwork Angel, foi muti bom, mas o segundo, de 2012, foi excelente e superou todas as minhas expectativas. Conseguiu elevar a série, para mim, a um outro patamar, e mal posso esperar pela sua conclusão (se é que existe such a thing). A partir dela, cheguei ao quinto capítulo de Mortal instruments meio descrente do que iria encontrar. 



    ― Simon?

    ― Yeah?

    ― Can you tell me a story?

    He blinked.

    ― What kind of story?
    ― Something where the good guys win and the bad guys lose. And stay dead.
    ― So, like a fairy tale? ― he said. He racked his brain. He knew only the Disney versions of fairy tales, and the first image that came to mind was Ariel in her seashell bra. He had a crush on her when he was eight. Not that this seemed like the time to mention it.
― No. ― The word was an exhaled breath. ― We study fairy tales in school. A lot of that magic is real but, anyway. No, I want something I haven't heard yet.
― Okay. I've got a good one. ― Simon stroked Isabelle„s hair, feeling her lashes flutter against his neck as she closed her eyes. ― A long time ago, in a galaxy far, far away… (Pp. 88/89).

   ― Oh, please, ― said Simon. ― All I did was tell you the entire plot of Star Wars. 
― I don't think I remember that, ― said Isabelle, taking a cookie from the plate on the table.
― Oh, yeah? Who was Luke Skywalker's best childhood friend? 
― Biggs Darklighter, ― Isabelle said immediately, and then hit the table with the flat of her hand. ― That is so cheating! Still, ― she grinned at him around her cookie.
― Ah, ― said Magnus. ― Nerd love. It is a beautiful thing, while also being an object of mockery and hilarity for those of us who are more sophisticated. (P. 116). 

   Bom, excelente não é, mas City of Lost Souls deixou o ugh do livro anterior de lado e voltou a, pelo menos, fazer algum sentido para mim - mesmo que por meio de uma apelação, eu acho. Esse livro é mais romântico que os demais, fugindo um pouco da linha que Clare seguia nos três primeiros livros. Não gostei muito, mas não foi nada que comprometesse, porque a questão central é muito legal e consegue preencher um gap que havia ficado - mesmo que, como disse acima, envolva uma certa forçação de barra. Agora vamos para o sexto livro com mais entusiasmo... que medo.

There is a crack in everything
That‟s how the light gets in.
Leonard Cohen (p. 121).

Capas com rostos... ugh.
  Para  Richelle Mead eu retornei com o segundo livro de uma série spin-off de Vampire Academy, Bloodlines. Viram que spin-off já apareceu aqui duas vezes hoje. É assim na TV, nos livros... Joey foi um spin-off de Friends; Frasier, de Cheers... e assim vai. Quando dá certo, é uma alegria ter um mundo de que gostamos e em que vivemos de volta. Mas quando dá errado, jaisus... 
 Bloodlines, por enquanto, tem sido bacana. Está nos livros iniciais - eu li o segundo, Golden Lily -, o que, na linguagem de Mead, significa histórias não muito fortes ainda. O heartbreak deve vir agora no terceiro ou quarto livros, depende de quantos volumes será a série. Parece calculista? Bom, é a observação do que aconteceu até agora. Quem sabe ela consegue surpreender (sério, estou com os dedos cruzados).

  Os protagonistas são dois personagens legais, secundários em Vampire Academy: Adrian e Sydney. Eles são bocudos, divertidos e bastante problemáticos, o que dá um enredo bom. Além da oportunidade de espiar Dimitri e o que ele anda fazendo por ai : ) 
Há um link no imdb.com sobre a adaptação para o cinema, mas ele está sem atualizações já há algum tempo.

 O terceiro livro, que encerra este post - os demais do mês de julho terão um capítulo separado para eles - foi o mais incrível de todo o ano. De verdade. Um presente especial de um amigo que, sem saber, salvou o terceiro capítulo da minha tese. De verdade. 
   Não haveria, a princípio, como falar do que Hope: A Tragedy, de Shalom Auslander (pense se o nome do autor já não é bizarro), tem de especial sem contar a surpresa que surge logo nas primeiras páginas - eu a desconhecia e tive um treco quando li. Por isso resolvi não trazê-la aqui. Se alguém quiser muito saber, me pergunta - para alguns amigos eu já contei, não resisti, rs. Mas tentarei não dar muita bandeira aqui. 

    I have been the blessed beneficiary of sixty years of humanity’s guilt and remorse, Mr. Kugel. (...) These are true details, I assure you, but I know to emphasize them; I’m not a fool;  I know of guilt myself.    My sister died beside me. My Mother died, my friends. I survived. That’s not easy either. Perhaps it’s true that I’m seeking to have it both ways; (...) but I use the Holocaust to subsist, to get what I need: shelter, food, a place to work. P. 244.

    Kugel, americano judeu, muda-se para o campo com a esposa, o filho e a mãe. Encrencado para pagar as prestações da casa nova, a sua vida não anda muito tranquila. A esposa cobra a presença da sogra, que, por sua vez, inferniza a vida do inquilino pagante. O filho é uma alegria, depois de sobreviver a uma doença grave. A casa deveria ser uma mudança de ares na vida do casal.
A figura, Shalom Auslander
     Mas o negócio é que a casa fede. E muito. E ao procurar a origem do mal cheiro, ele se depara com alguns anos de história que não querem largar do seu pé. 

     A herança do holocausto e como ela pode prejudicar e amarrar as novas gerações de judeus, que ficam eternamente conectados a algo que se permite transcender - afinal, esquecer seria desonrar as vítimas e o peso do acontecimento, certo? - é colocada por Auslander com um humor  genial - que, eu acho, advém do cansaço de carregar algo com que não se identifica mais. Não digo que não se deva olhar para o que aconteceu... mas é olhar, de fato, e não carregar uma história que pode, assim, ser um peso morto e fétido por gerações e gerações. A mãe de Kugel é uma figura que traz esse peso irracional: 
    It’s all disappearing, Mother sobbed.

   Lucky you, Kugel thought. He could go for some of that forgetting stuff about now. Forget her, forget Father, forget it all, just for a day, a weekend. Heaven is a place with no memory, no history, no past; sure, some warm memories would be sacrificed along with the bad, but all in all, an improvement. A step in the right directionlessness. (p. 195).

   Eu me agarrei ao livro e não consegui largá-lo ainda, mesmo depois de terminado. O que ele me trouxe continua, ressurge no pensamento diante de várias situações diferentes. Lembra como nos há amarras que não queremos, mas que permanecem. Lembra também como nos livrarmos delas nem sempre é tão simples. Mas a ficção, para variar, coloca a questão de frente, e com um autor como o Auslander, não nos deixa virar as costas para ela. E algumas vezes ele o faz de forma assustadora:

  He refused to respond to her, 
to encourage her.
Six million he kills, thought Kugel,
and this one gets away.
I shouldn't hve thought that, he thought.
At least I didn't say it.
But you thought it.
That's not as bad.
It's bad enough.

(p. 111).




                                                                   

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Os filmes de junho, julho e agosto... atraso pouco é bobagem.


Desde junho não atualizo os filmes que vi no cinema. Tenho percebido que, quando ocorre um atraso assim, algo de que esperava gostar muito acabou por me decepcionar. Foi assim com o último Harry Potter... Olhando agora o ponto em que parei, percebo que a última incursão de Johnny Depp e Tim Burton no cinema me afastaram do Viagens um tempo.

Dark Shadows (Sombras da Noite. Tim Burton, UK, 2012), adaptação da série de TV dos anos 60, tinha tudo, tudo, mas tudo mesmo para ser incrível. Johnny Depp como o super anacrônico vampiro, Eva Green como a bruxa apaixonada, Michelle Pfeifer como a chefe de família, Chloë Moretz, uma das atrizes juvenis mais talentosas hoje, como a adolescente rebelde... tudo isso com Tim Burton na direção? Garantia total... ou pelo menos eu esperava.

O início do filme é divertidíssimo, coerente, tudo o que o filme poderia ser. Mas, do primeiro terço em diante, a história degringola e perde totalmente a razão de ser para mim, tornando-se sem ritmo e, horrores dos horrores, totalmente desinteressante. Um desperdício dessa natureza não podia ter me afetado pouco, e o atraso de quase dois meses mostra isso. 

Madagascar 3: Os Procurados (Madagascar 3: Europe's Most Wanted) também não me entusiasmou muito - vai ver que em junho eu andasse com o pé atrás no cinema, rs. É divertido, mas não genial como os anteriores. A Música do circo do cantada pelo Marty (Afro circo, afro circo, de bolinha, de bolinha, de bolina, Aaaaaaaaafro!) foi o que permaneceu comigo, e posso dizer que por isso só o filme valeu.

O último filme do mês de junho foi uma viagem doce. Salmon Fishing in the Yemen (Amor Impossível. Lasse Hallström, Uk, 2011) me chamou a atenção sobretudo por trazer Ewan McGregor, um ator de que gosto muito e que some com bastante frequência. Eu o havia visto mais recentemente em Perfect Sense, um dos filmes que mais me abalaram este ano, e segui ao cinema sem esperar muito. 

Hallström já foi um dos meus diretores favoritos com Minha Vida de Cachorro (Mitt Liv Som Hund. Suécia, 1985), um filme doce e genial que eu amava aos 16 anos.Acompanhei Hallström por algum tempo e, apesar de achar que ele continua um bom diretor, seus filmes foram se diluindo na grandiosidade do que eu sentia com seu filme de 85. Amor Impossível não é diferente; podia ser mais... no entanto, mesmo assim, eu o assisti todo o tempo com um sorriso no rosto - exceto quando me irritava com o peso desnecessário da personagem de Kristin Scott Thomas, que, ao surgir para implementar uma tensão e comédia no filme, conseguiu, ao contrário, mesmo que por poucos momentos, tirar o sorriso do meu rosto e a leveza do meu coração. 

Julho começou com outra continuação esperada: Era do Gelo 4 (Ice Age: Continental Drift), que não perde o impulso dos anteriores e diverte e emociona ainda. A avó de Sid e um pouco da sua história trazem força a um personagem figuraça, mas que se torna cada vez mais querido. Ri demais, emocionei muito e espero pelo quinto, rs. 

Lembrei agora de outro motivo de atraso no post. Dark Shadows foi uma decepção... mas não muito se comparado ao que aconteceu comigo ao assistir a Para Roma com Amor (To Rome With Love. Woody Allen, US/Itália/Espanha), o mais novo passeio turístico de Woody Allen. Até aqui, tudo estava correndo bem. Match Point (UK, 2005) foi interessante; Vicky Cristina Barcelona (Espanha, 2008) além de genial  e intenso, uniu Penelope Cruz e Javier Bardem; Midnight in Paris (França, 2011), apesar de muitos problemas com certas caricaturas, é uma delícia e contou, para mim, muito do que Paris representa para o imaginário das pessoas. Nesse ínterim, veio Tudo Pode dar Certo (2009), um dos seus filmes de que mais gostei recentemente - os personagens são geniais, a história é muito bem construída e eu ria tanto que tive de morder o casaco para não ser expulsa do cinema. Aí, depois de tudo isso, entro em Roma e, apesar de rir do que considero esquetes, saí do filme numa grande decepção e com a sensação de que ou Woody Allen está envelhecendo além da conta ou ele está se tornando, que os deuses do Olimpo o impeçam, preguiçoso.

Depois do fiasco, a que assisti duas vezes, retornei a um filme a que havia assistido em casa, mas queria muito ver no cinema: Apenas uma Noite (Last Night. Massy Tadjedin, UU/França, 2010) demorou a chegar aqui, e por isso eu o alcancei na TV antes, mas é um filme de cinema. Sua delicadeza e intensidade, construídas em um roteiro honesto, atuações na medida e uma trilha linda, merecem o escuro e a imersão do cinema. Ele me tocou tanto, me trouxe tanto e continua comigo em toda conversa que tenho tido sobre relacionamentos. Um amor instantâneo com o filme dessa diretora iraniana, que quero conhecer melhor.

O último filme de julho foi o super esperado O Espetacular Homem Aranha (The Amazing Spider Man. Marc Webb, US, 2012). Quando houve notícias do filme, eu, como muita, mas muita gente, me perguntei qual seria a necessidade de refilmar um personagem que já havia sido bem adaptado para o cinema. Bom, eu devia ter lembrado de Batman e desconfiado de que coisas novas e muito, muito boas podem surgir do que já conhecemos. Adorei o novo Homem Aranha, como ele foi personificado de forma mais bizarra por Andrew Garfield e as cenas que me chamaram a atenção, em vez de desqualificarem as adaptações anteriores, conseguiram dar a elas novo e mais forte sentido. Make sense???

Agosto começou justamente com ele, citado acima:  The Dark Night Rises (Batman: O Cavalheiro das Trevas Ressurge. Christopher Nolan, US, 2012). O que mais tenho ouvido nas conversas sobre ele é como não consegue superar o filme de 2008, com Heath Ledger como o Coringa. Bom, eu não esperava superação... na verdade, tinha pouquíssimas expectativas, mesmo - e talvez por isso - com toda a festa em torno da produção. Mas o filme me surpreendeu com um ritmo tenso, que vai num crescendo até chegar a um final que nos faz querer saltar da cadeira e vestir a capa do morcego nós mesmos... pense.

O começo do filme foi de tristeza para mim. O atentado em Aurora, na pré-estreia do filme nos Estados Unidos, não saía da minha cabeça e do coração. Nos primeiros 40 minutos de projeção, ficava todo o tempo a imaginar em que momento um psicopata sem amor pela vida teria entrado num cinema lotado e atirado para todos os cantos, matando e ferindo várias pessoas, além de armar sua casa com bombas. Cheguei a pensar que não conseguiria assistir ao filme e acho realmente que o teria visto diferentemente. Sobretudo pela tensão extrema que ele constrói e que não consegue, em nenhum momento, acalmar o coração. Mas assim é a história do Cavalheiro das Trevas, e a isso o filme é bastante fiel.

Como tenho escrito aqui, a ficção me ajuda imensamente a me posicionar nesse mundo e tentar compreendê-lo, justamente ele que se torna cada vez menos incompreensível. Quando do atentado em Aurora, eu só pensava em Precisamos Falar sobre Kevin, livro de Lyonel Shriver de que já falei aqui no Viagens. O livro não traz explicações, como eu acho que não conseguimos dar diante de um absurdo tão gigante... mas situa o imenso vazio que a vida pode representar. Eu sempre o recomendo, apesar de geralmente as pessoas me dizerem que ele é muito pesado. Wells, mais pesado do que vimos nos jornais? Impossível.

E este post atrasado e apressado nos comentários se encerra com o filme que vi no último fim de semana. Mês de férias, várias estreias esperadas. Valente (Brave. Mark Andrews, Brenda Chapman. US, 2012) eu esperei bastante, e ele conseguiu me surpreender. Uma história em torno de personagem feminina que não gira me torno do amor romântico, mas, sim, de outro argumento essencial: o relacionamento mãe e filha e o crescimento para a vida adulta, com o direito pelas próprias escolhas. A mudança do foco da história aparece também na passagem para outros cenários, como a Escócia da época dos clãs. 



PS: No computer, um surto tomou conta de mim. Eu sempre penso que meus preconceitos conseguem se diluir no quanto gosto de coisas tão diferentes e nem sempre "adequadas" em idade e localização. O racional vai contra o que sinto, mas sempre encontro algo que reforça a minha identificação com histórias e produções dirigidas e diferentes públicos e idades. Eu gosto disso... me faz sentir que consigo me movimentar em diferentes espaços.  Mas sempre fico receosa por achar que, dessa vez, acabei por ir longe demais, rs. 

Em menos de 7 dias, divididos em julho e agosto, eu vi as duas temporadas de uma série australiana direcionada a crianças e adolescentes: Dance Academy, produção de 2010, tem o formato de muitas séries que vemos (minha sobrinha vê, rs) no Boomerangue, Nickelodeon, Disney. Com episódios diários, elas são apresentadas inéditas por algumas semanas, para depois serem repetidas incansavelmente até a próxima temporada. 

I'm in love with Dance Academy. Adoro dança, e a série tem muita - com alguma ênfase para, além do clássico, claro, o hip hop, como, creio, uma forma de ter maior alcance. Os personagens, além de fofos, fogem bastante do layout norte-americano a que os acostumamos. A protagonista é confusa e doce, pagadora de mico universal, mas não segura o seriado sozinho - todos eles são muito bons e nada unilaterais. Kat e Sammy são muito bons. Mas todos eles s]ao fortes, crescem e nos conquistam. Fazem com que nos importemos com o que vai acontecer - o que, para Neil Gaiman, é fator essencial a uma história. E aí qual vai nos fazer importar é sempre uma surpresa, pelo menos para mim, rs. O seriado é bem escrito, montado e coreografado.  Eu fiz uma imersão nas duas primeiras temporadas, que, além de me divertir e emocionar, me ajudaram a tomar determinadas decisões. Estou esperando agora pela terceira parte.

Assisti a toda a série pelo youtube. Se interessar, segue o link para a primeira parte do episódio de estreia.  Na segunda temporada, já encontramos episódios legendados em espanhol, o que ajuda no entendimento do inglês australiano. Big smile : )







segunda-feira, 23 de julho de 2012

Blogueira preguiçosa se ausenta, mas antes...

Correria, confusão, sinusite e duas semanas bem agitadas adiante, além do usual passo lento em escrever sobre os filmes e livros e histórias que movimentam meus dias e sonhos, contribuíram para o Viagens estar bastante atrasado - há muitas coisas a contar - e o Degraus completamente à espera de que uma história nova se forme.

Mas, antes de, em agosto, finalmente colocar em palavras os encantamentos, incômodos, divertimentos dos filmes e uma longa história que tenho tido com os livros de Nora Roberts (aguardem cenas dos próximos posts, pode surpreender, rs), convidei alguém muito especial ao Viagens. Essa era uma ideia presente desde o início dos blogs e que agora, com a autorização da minha querida Sis, eu concretizo, esperando que seja a primeira visita de muitas.

A arte nos une. Aproxima-nos. Dividimos paixões, indignações, novas descobertas. A empatia que uma história proporciona, o modo como ela aproxima, é indescritível. Mas Kal,  uma amiga e irmã desde sempre, autora do Batendo Perna, conta dessa proximidade em histórias, no seu último post. 

E aqui ele está, com carinho : )

sexta-feira, 13 de julho de 2012 
Com o passar dos anos,  uma mudança insinua-se no estilo de viagem do viajante. Penso não ser um evento isolado no meu estado de espírito, já que percebi o movimento em viajantes com quem cruzei pelo caminho.
Menos do que um temor, assalta-me vez por outra, uma percepção  assustada da quebra do padrão de comportamento e até de sentimento em torno do ir e do ficar e do como equando fazer isso.
As minhas questões vem sendo maturadas através da ficção e são os os personagens das maravilhosas estórias que tem me buscado (sim, os livros nos procuram) que têm me auxiliado a compreender e aceitar os processos aos quais somos submetidos.
Uma história sincera e leal tem o poder de nos afetar mais ampla e profundamente do que vários tratados a respeito da aflição que nos atinge. É como minha amiga e irmã  Adriana escreveu - a quem peço licença para transcrever um trechinho do seu texto com que me identifiquei completamente:
"Fiction is a way to see the world and to be in it. Understand that life is much more than facts. How people conect and find themselves in amazing characters and stories that can bring so much meaning to what we see and live".
A estória da qual acabo de emergir, lindamente escrita por Angela Becerra e a mim trazida pela minha querida amiga Inox, trouxe-me um reconhecimento e identificação que me ajudaram a entender um pouco mais a transformação que vinha percebendo em minha própria vida.
"Às vezes nos afastamos para tentar nos encontrar. Quando ficamos mais velhos nos perdemos. Não sabemos o que fazer com tanta sabedoria. Seria preferível que nos esvaziassem  e nos deixassem nus diante das intempéries da ignorância. O problema da idade é que, de repente, nada mais nos surpreende, e a vida está na surpresa."
Ao invés de satisfazer os desejos surgidos com a urgência da sua intensidade, começou a surgir espaço para deixar o prazer da satisfação para um momento mais oportuno...
Todos os planos previa e cuidadosamente tecidos passaram a ser preteridos por anseios mais imediatos e corriqueiros ou pela falta de anseios de qualquer espécie...
Ficar, ao invés de ir como planejado... Voltar... Regressar... Buscar o que ficou pra trás...


Com a passagem dos anos e a partida da juventude, podemos perceber que nós, humanos expostos e sofridos pela ação do tempo, temos um poder imenso. Justamente o que falta ao tempo. Podemos parar. Podemos regressar. E, principalmente, podemos decidir quando seguir em frente.



PS: Precisei formatar o original para a citação aqui, mas ele se encontra, muito mais lindo, em http://www.batendoperna.blogspot.com.br/2012/07/o-que-falta-ao-tempo.html#comment-form
PS2: By the way, a Adriana da citação is me : ) Chic, hem?


terça-feira, 19 de junho de 2012

Ask the Wind for Answers Part 2



Este post também poderia se chamar “o leitor aflito”. Ou apressado, ansioso, insano...

Not only is my story designed to delight and entertain, but there is a kernel of truth hidden within, where only the cleverest student might find it.” His expression turned mysterious. “All the truth in the world is held in stories, you
know.”  (p. 390).

Na semana passada, li o segundo livro da trilogia de Pat Rothfuss, The Wise Man’s Fear. O Temor do Homem Sábio já está editado em português pela Arqueiro, num tijolão de quase mil páginas. Mas eu o li no arquivo para computador, numa jornada meio animal contra a minha própria ansiedade.


O segundo livro da história de Kvothe, “uma lenda viva do próprio tempo”, traz o segundo dia das narrativas de sua história ao Cronista e ao seu discípulo Bast – por quem eu me apaixono cada vez mais. E não só por ele, vale dizer. Os personagens que já conhecemos crescem e apresentam outras facetas... novos aparecem ao longo da jornada de Kvothe até se tornar o perseguido número um do mundo em que vive.

So yes. It had flaws, but what does that matter when it comes to matters of the heart? We love what we love. Reason does not enter into it. In many ways, unwise love is the truest love. Anyone can love a thing because.That’s as easy as putting a penny in your pocket. But to love something despite. To know the flaws and love them too. That is rare and pure and perfect. (p. 68).

Kvothe é um Contador de Histórias por direito de sangue. Seu povo, os Edema Ruh, são nômades que percorrem os diferentes reinos, levando a arte para os povoados, em  narrativa, interpretação e música. Assim que Kvothe vive suas aventuras fantásticas com a língua sempre afiada, a capacidade de improvisar diante das mais bizarras situações e o alaúde, seu instrumento, nas costas - quando ele não está penhorado, claro.


Mas, o mais importante: como bom herói, lenda e contador de histórias, ele traz a morte ao seu encalço e um coração absolutamente partido.
No primeiro livro, Rothfuss, um Edema Ruh himself, deixou tantas, mas tantas perguntas no ar, que entrei no segundo livro com a esperança de algumas respostas. Afinal, para que ele apresentaria mil páginas se não para nos dar respostas.
O que é a ilusão do ego profano e da mente perturbada.
Algumas pistas, muitas novas perguntas e várias teses a respeito do que virá no terceiro dia das narrativas de Kvothe ao cronista mais sortudo do universo, isso foi o que encontrei. Como Kvothe, comecei numa aflição apressada de ter minhas respostas. Lá pela página 500, eu maldizia terrivelmente a raça de Rothfuss e soltava nomes não muito elogiosos, diante da tela do computador, sobre esse segundo livro. WTF? Eu pensava. Nada vai acontecer??? Pela página 700, junto com Kvothe em sua jornada espiritual pelo Ademre, comecei a entender melhor o que tinha diante dos olhos.  E, na última página do livro, 1024 no ebook, eu me maravilhava com a capacidade de criar um herói, seu mundo e sua jornada de Patrick Rothfuss, esse insano Ruh.
We live in a civilized age, and few places are more civilized than the University and its immediate environs. But parts of the iron law are left over from darker times. It had been a hundred years since anyone had been burned for Consortation or Unnatural Arts, but the laws were still there. The ink was faded, but the words were clear. (p. 369). .


Muitas questões ficam para o terceiro dia, que só chegará ano que vem. Nesse tempo que falta – e que me pareceu insuportavelmente longo quando fechei o livro –, com certeza andarei pelos dois livros novamente. Estou apenas esperando o coração acalmar, rs.
That thread of truth wove through the story, gave it strength. (p.701).

Outra alternativa, além da busca incessante por novas e maravilhosas histórias, é dar uma passada de vez em quando pelo site oficial de Rothfuss e seu blog. Ver as opiniões dessa figura insana enquanto dá um destino a Kvothe e à confusão que ele apronta é um consolo pela espera infinita – como ela parece no momento!
Sei que muitas das citações não fazem sentido fora do seu contexto... Mas algumas contam de coisas que ultrapassam o mundo de Kvothe e atingem o meu. Assim, eu as coloco aqui. 
Adoro a delicadeza das imagens nas conversas de Kvothe com Auri, de quem ainda não sabemos muito, só que seu mundo se quebrou de alguma forma:
“What did you bring me?” I countered.
She grinned. “I have an apple that thinks it is a pear,” she said, holding it up. “And a bun that thinks it is a cat. And a lettuce that thinks it is a lettuce.”
“It’s a clever lettuce then.”
“Hardly,” she said with a delicate snort. “Why would anything clever think it was a lettuce?”
“Even if it is a lettuce?” I asked.
“Especially then,” she said. “Bad enough to be a lettuce. How awful to think you are a lettuce too.” She shook her head sadly, her hair following the motion as if she were underwater. (p. 47).

Nas narrativas do segundo dia, encontrei leitores tão aflitos e apressados quanto eu – Simmon e Willen, mos melhores amigos de Kvothe, esperam por um sentido claro e incontroverso na história do menino que tinha uma fechadura de ouro no umbigo. Estão na história errada, rs:
 “IS THAT THE END?” Simmon asked after a polite pause. He was on his back, looking up at the stars.
“Yes.”
“It didn’t end the way I thought it would,” he said.
“What did you expect?”
“I was waiting to find out who the beggar really was. I thought as soon as someone was nice to him, he would turn out to be Taborlin the Great. Then he would give them his walking stick and a sack of money and . . .I don’t know. Make something magical happen.”
Wilem spoke up. “He’d say, ‘Whenever you are in danger knock this stick on the ground and say “stick be quick,” ’ and then the stick would whirl around and defend them from whoever was attacking them.” Wilem was lying on his back in the tall grass, too. “I didn’t think he was really an old beggar.”
“Old beggars in stories are never really old beggars,” Simmon said with hint of accusation in his voice. “They’re always a witch or a prince or an angel or something.”
“In real life old beggars are almost always old beggars,” I pointed out. “But I know what kind of story you two are thinking about. Those are stories we tell other people to entertain them. This story is different. It’s one we tell each other.”
“Why tell a story if it’s not entertaining?”
“To help us remember. To teach us—” I made a vague gesture. “Things.”
“Like exaggerated stereotypes?” Simmon asked.
“What do you mean by that?” I asked, nettled.
“ ‘Tie him to the wagon and make him pull’?” Simmon made a disgusted noise. “I’d be offended if I didn’t know you.” (p. 324).

Kvothe e o Cronista, uma história que promete muito ainda:
“It’s a gift,” Kvothe said.
“You think I want this?” Chronicler said incredulously. “Fame?”
“Not fame,” Kvothe said grimly. “Perspective. You go rummaging around in other people’s lives. You hear rumors and go digging for the painful truth beneath the lovely lies. You believe you have a right to these things. But you don’t.” He looked hard at the scribe. “When someone tells you a piece of their life, they’re giving you a gift, not granting you your due.”
Kvothe wiped his hands on the clean linen cloth. “I’m giving you my story with all the grubby truths intact. All my mistakes and idiocies laid out naked in the light. If I decide to pass over some small piece because it bores me, I’m well within my rights. I won’t be goaded into changing my mind by some farmer’s tale. I’m not an idiot.”
Chronicler looked down at his soup. “It was a little heavy-handed, wasn’t it?”
“It was,” Kvothe said.
Chronicler looked up with a sigh and gave a small, embarrassed smile. “Well. You can’t blame me for trying.”
“I can, actually,” Kvothe said. “But I believe I’ve made my point. And for what it’s worth, I’m sorry for any trouble that might cause you.” He gestured to the door and the departed farmers. “I might have overreacted a bit. I’ve never responded well to manipulation.”
Kvothe stepped out from behind the bar, heading to the table near the hearth. “Come on now, both of you. The trial itself was tedious business. But it had important repercussions.” (Pp. 390/381).

Algumas verdades universais:

Teccam explains that there are two types of secrets. There are secrets of the mouth and secrets of the heart. Most secrets are secrets of the mouth. Gossip shared and small scandals whispered. These secrets long to be let loose upon the world. A secret of the mouth is like a stone in your boot. At first you’re barely aware of it. Then it grows irritating, then intolerable. Secrets of the mouth grow larger the longer you keep them, swelling until they press against your lips. They fight to be let free.

Secrets of the heart are different. They are private and painful, and we want nothing more than to hide them from the world. They do not swell and press against the mouth. They live in the heart, and the longer they are kept, the heavier they become.

Teccam claims it is better to have a mouthful of poison than a secret of the heart. Any fool will spit out poison, he says, but we hoard these painful treasures. We swallow hard against them every day, forcing them deep inside us. There they sit, growing heavier, festering. Given enough time, they cannot help but crush the heart that holds them. (p. 532).

                                                              
You must also come to understand the fine shades of meaning.  
(p. 797). 



Saí de uma história incrivelmente bem contada para uma outra totalmente ugh.
Com os livros de Richelle Mead eu me divirto muito, muito. E o meu coração se abala seriamente com alguns dos reverses nas histórias. Foi assim ao final do terceiro livro de Vampire Academy, um ponto de separação entre a história mais leve até então e a pancadaria heartbreaking que rolou a partir do quarto livro. Tudo bem que ela quase pôs tudo a perder no último e sexto livro... Nos livros de Georgina Kinckaid, uma sucubus que vive em Seatle, tem um chefe demônio com o rosto de John Cusack (muito bom  isso) e tem um amor impossível com Seth, o escritor fofo, a história ficou mais triste também a partir do terceiro livro. Bloodlines, um spin-off de Vampire Academy e, para mim, a razão da série de Rose e Dimitri ter ficado sem um fim decente, está no segundo livro ainda e, portanto, bastante leve.
Com outra série de Mead, Dark Swan, eu tive um certo receio desde o início. Comprei os dois primeiros livros (são quatro) e os li de relance, achando todos os dois muito ruins. Mas, com o coração meio em frangalhos ao final do Segundo Dia de Kvothe, resolvi chegar à serie de forma mais série e dar mais uma chance à história de Eugenie, shaman caçadora de demônios, para quem ela é conhecida como Odile, o Cisne Negro.
Agora eu estou rindo... comecei a ler o primeiro livro, Storm Born, e o achei até bonzinho. Estava no primeiro terço ainda quando, num consultório médico, o esqueci na mesa do café. Ao deixa-lo ali, aberto, virado de cabeça para baixo, ainda pensei que o esqueceria e que esse lapso não seria aleatório. Bom, dito. Esqueci o livro ali e, quando fui abri-lo na fila de espera do banco, sentia  a sua ausência. E aí vi como ela foi realmente proposital.
Ao ler os comentários dos leitores no amazona.com, tive mais certeza ainda, se é que precisava de uma confirmação. Essa série é pavorosa mesmo e dela, infelizmente, já desisti.
Para dizer um pouco de como é difícil largar uma história assim, trago Rothfuss novamente:

He can’t feel a thing halfway.
The Wise Man’s Fear, p. 953.




PS: Ao chegar o site oficial de Patrick Rothfuss, encontrei, em seu blog, um post sobre algumas memes de Kvothe que ele encontrou na internet. Ele diz que teve sentimentos bastante ambivalentes a respeito... isso, talvez, para ser mais diplomático. São muitas, só no link que ele postou. Nas primeiras eu ri, mas aos poucos fui me irritando. Fora do contexto, tudo ficou muito bobo, mesmo que algumas frases sejam certeiras. But, como comentei no blog, fatos não contam uma história, né? 

sábado, 16 de junho de 2012

Earth without Art is just Eh...



Sentada no Cacahuá hoje, num tempo chuvoso e mais frio numa época de seca, tentei relacionar o clima de hoje a alguma memória. Mas, fora de época - estou adorando -, acho que o dia de hoje inaugura uma nova lembrança. Chuva em junho... capuccino quentinho, croissant e a memória dos filmes recentes a que assistir, enquanto não chega a hora de outros compromissos.

Branca de Neve e O Caçador (Snow White and The Huntsman - SWATH. Rupert Sanders, US, 2012) eu assisti três vezes no primeiro fim de semana. Esperava por ele já há algum tempo, já que a publicidade tem sido grande desde o início de sua produção. 

Vi o filme, gostei da história, me maravilhei com as imagens e com o simbolismo que permeia os chamados contos de fadas. Histórias comumente associadas às crianças, hoje já há estudos suficientes para sabermos que eles não foram sempre assim. Os contos originais possuem uma força e violência que trazem, em si, elementos significativos da nossa vida. 

SWATH traz todos esses elementos em uma produção, como disse, muito bem cuidada. O novo que chega para superar o velho... a mulher vingadora, que, ferida, fere numa oitava acima... a ausência do feminino que desequilibra a energia masculina... a natureza desequilibrada e em extinção diante da usurpação... heranças familiares que se perpetuam por gerações e precisam ser honradas.

E tudo isso sem falar na Evil Queen de Charlize Theron...

Está tudo ali e muito mais. Mas, apesar disso, sempre saía do cinema com a sensação de que algo faltava. Não conseguir alcançar o que era, até que Laura, minha mestra cinéfila, resumiu o incômodo: o filme é superficial. E aí tudo se encaixou. Porque não adianta ter elementos fantásticos, uma estética maravilhosa e não saber contar a história. Não ser verdadeiro com o que traz. Defender a tese antes da narrativa. Para usar uma imagem bastante batida, mas que se adaptação muito bem aqui, é o embrulho perfeito de uma caixa vazia. Quando a gente abre, encantado, não encontra nada.

Desde o ano passado, esbarramos com os contos de fadas na televisão e cinema com maior frequência. Branca de Neve já fez uma aparição este ano com Espelho, Espelho Meu (Mirror, Mirror, 2012) trouxe a personagem em uma versão que pretendia maior diversão e leveza... e, assim, nós a esquecemos no momento em que as luzes se acendem. A Bela e a Fera se apresentaram em A Fera (Beastly, 2011). Maleficent (2014) trará Angelina Jolie como a bruxa para a Bela Adormecida de Elle Fanning. Grimm, na televisão, traz os descendentes dos Irmãos Grimm como uma linhagem destinada a lutar contra as  criaturas mitológicas que habitam nosso mundo.


Angelina Jolie como Maleficent... a foto saiu hoje, 19.07.2012 

Deles todos, e há muitos que não citei aqui, o que mais me conquistou foi Once Upon a Time (2011). Apesar de todos os contos conviverem na pequena cidade do Maine, Storybrooke, Branca de Neve, Prince Charming e sua luta pelo seu final feliz são bastante centrais. Basta dizer que a protagonista da série é filha do casal  encantado... A série terminou sua primeira temporada em maio, num episódio que traz todos os símbolos presentes em SAWTH, mas com muito mais força, mesmo que sem a mesma beleza na produção. 

Mas eu gostei do filme, verdade. Não o teria visto tantas vezes seguidas se não fosse por isso. Agora que entendo o que está faltando, então, é provável que o veja novamente. 

Numa sessão tripla num domingo bobo, comecei com O Corvo (The Raven. James McTeigue - diretor de V de Vingança. US/Hungria/Espanha, 2012), do qual gostei mais pelos créditos finais do que pelo filme em si, que não é ruim... mas não entusiasma muito também, se pensarmos que se trata de Edgar Allen Poe e a sua história mais conhecida hoje. Mas John Cusack é sempre uma companhia interessante, e assim saí do cinema não muto decepcionada.

A surpresa veio com o filme seguinte, Homens de Preto 3 (MIB 3. Barry Sonenfeld, US, 2012). Além da história ser boa, divertidíssima e o filme ter um ritmo impecável, os atores se superam. Saber mais um pouco de K não é nada mal, principalmente se ele vier na pele de Josh Brolin, um ator que admiro muito - sério, o que ele não consegue fazer? E seu espelho do K de Tommy Lee Jones é genial. Uma surpresa muito legal.

O terceiro filme foi o primeiro - os últimos realmente serão os primeiros, rs: SWATH na terceira vez que o vi.

O gênio do mês - e provavelmente do ano -, no entanto, fica para O Deus da Carnificina (Carnage. França /Alemanha/ Polônia/ Espanha, 2011) mostra mais uma vez como Roman Polanski pode ser brilhante - e ele o foi também em outra produção sua recente, O Escritor Fantasma (The Ghost Writer, 2010). Incômodo, sofrido, honesto e de uma proximidade palpável com o que vemos hoje ao nosso redor o transforma já em um dos meus filmes favoritos for life. 

Dois casais se reúnem para acertar o depoimento da agressão do filho de um deles contra o filho do outro. Kate Winstlet e Chris Waltz (maravilhoso como sempre) ameaçam a todo momento ir embora, masa civilidade desesperada dos anfitriões, Jodie Foster e Jonh C. Reilly, acaba sempre por prendê-los no que se tornará uma arena de exposição do que se quer ocultar.

O filme é a adaptação da peça para o teatro de Yasmina Reza, também roteirista do filme. A atuação fantástica do quarteto, a proximidade do que eles vivenciam com o que vemos ao nosso redor diariamente, em situações semelhantes ou diferentes, o ritmo cuidadoso, tudo me levou a uma empatia grande com o que se mostrava para mim na tela. Tão próximo e tão angustiante, com uma inspiração forte em Hitchcock.

Na última sexta-feira, num dia bastante trabalhoso e amarrado, a sessão foi dupla. Para Sempre (The Vow. Michael Sucsy. US / Brasil / França / UK / OZ / Alemanha, 2012) poderia parecer um filme bastante bobinho, e em alguns momento é mesmo. Mas a história é tão heartbreaking e plausível, mais ainda por se basear nos inacreditáveis fatos reais, que me conquistou desde o início. De Channing Tatum eu não gosto muito, apesar da sua onipresença no cinema americano hoje, e Rachel Adams sempre me parece estar traindo Ryan Gosling quando protagoniza um romance com outro ator, rs, mas a história realmente superou tudo isso para mim. Fofo.

Meio indecisa se assistiria outro filme, acabei por entrar em Prometheus (Ridley Scott, US, 2012), outro filme que esperava com muita ansiedade. Talvez tenha sido uma má decisão, assisti-lo assim, seguido a outro... talvez a minha expectativa tenha sido realmente muito alta... ou talvez o filme seja horrendo mesmo, como eu o senti. Admirada com ele até uns vinte minutos antes do fim, eu me surpreendi com algumas escolhas que considerei péssimas. A história da cabeça do FasBENder não consegui engolir. Como uma cena pode acabar com um filme e se sobrepor ao que ele tem de bom. Pior, pode quase que anular o que ele tem de bom. Digo quase, porque algumas coisas são realmente admiráveis. Mas o conjunto, para mim, não convenceu. E conseguiu atingir inclusive Alien, o Oitavo Passageiro, uma referência importante na jornada que Prometheus apresenta. 

Mas se você viu o filme, diga o que achou para mim? Quem sabe conversando sobre ele eu o consiga olhar de outra forma e, talvez, até vê-lo novamente? 




PS: O site www.cuevana.tv me foi apresentado por um sobrinho como um serviço de utilidade pública no Chile. Raro na América do Sul, comum na sua porção norte, não conheço sites gratuitos de filmes e séries online no Brasil. No Cuevaaaaaaaaaaaaana, filmes recentes e os últimos episódios da TV estão facilmente acessíveis. Nele tenho assistido a novas séries, como Continuum e a alguns filmes que ainda estão em exibição nos cinemas aqui, mas que acabo por ver aqui mesmo.

E essa, eu já sei desde sempre, não é uma boa escolha. O ambiente do cinema para mim é fundamental ao filme. Até este ano, os filmes que vi em casa foram pouquíssimos. Se for para paralisar na frente da TV, eu o faço nos torneios de Tênis ou com as séries de TV. Mas, em dias com muita vontade de ver o filme e uma preguiça monumental de ir ao cinema, acabei por ver dois filmes que me tocaram muito na TV.

Um deles não chegou aos cinemas aqui e, por isso, o jeito era vê-lo na telinha mesmo. Perfect Sense (Sentidos do Amor. David Mckenzie, UK/Suécia/Dinamarca/Irlanda, 2011) me chamou a atenção por se com Ewan McGregor. O poster é lindo... e o filme, inacreditavelmente belo e honesto. Um olhar que engloba  como nos situamos no mundo hoje. Uma epidemia atinge o planeta subitamente... a cada emoção forte de uma natureza que acomete as pessoas, um sentido se perde. Com o remorso profundo e a culpa, some o olfato... Com a voracidade por tudo que nos certa, lá se vai o paladar... No meio do furacão, um casal se apaixona. Na perda dos sentidos, o sentido do amor se faz mais intenso. Um eye openner, como o definiu um espectador no imdb, para a vida hoje. Indeed. 

Apenas uma Noite (Last Night. Massy Tadjedin, US/França, 2010) somente entrou nos cinemas esta semana, apesar de ser uma produção de dois anos atrás. Alguns filmes já me capturam nas primeiras cenas, e Last Night foi um deles, mesmo que visto na TV. 

Eu amo filmes em que o relacionamento entre duas pessoas se expõe honestamente, e não como uma tese sobre o que é duas pessoas juntas. 

Não há nada que nos coloque mais diante da vida, a meu ver, que a arte. Numa época de tanta confusão, de tanto disfarce do turbilhão que se passa dentro de nós - acho que nenhuma época foi tão civilmente hipócrita como a atual, nem os tão criticados anos 50 -, esse turbilhão tem de se fazer visível de alguma forma. Reconhecível de alguma maneira. Mesmo que seja por uma que se considera fictícia e distante da realidade como o cinema. Para mim, poucas coisas têm sido tão reais e palpáveis e próximas quanto alguns filmes que tenho visto. Só neste post estão três deles, que me fizeram olhar minha vida de forma mais honesta. 

Aliás, honesto é como eu tenho me referido aos filmes de que tenho mais gostado. Honestidade na exposição do que, diariamente, tentamos esconder. Thanks god for art. 


8.