segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Dash, short for Dashiel...

Quase um mês sem aparecer no Viagens... mas este dezembro foi mais para ver do que para escrever. Assim, antes que 2012 chegue ao fim, e 30 dias após o último post, conto aqui um poucos dos filmes que vi nesse intervalo.

Foi um mês de repetições, este dezembro. Fui dez vezes ao cinema, vi quatro filmes.

Thoooooooooooooooorin!
O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (The Hobbit: Un Unexpected Journey. Peter Jackson, US/Nova Zelândia, 2012) não foi o primeiro filme de dezembro, mas foi, com certeza, o mais impactante. Não só pelo filme em si, mas pelo que o rodeou: a espera e a preparação para a pre-estreia foram incríveis também,e fazem parte da história que vi na tela.

E senti no coração, porque a versão HFR - High Frame Rate -, que conheci na terceira vez com O Hobbit, concretizou para mim uma fantasia que não sabia que tinha tão forte em mim. Estar dentro da ação do filme, entrar na Terra Média e ter um coração batendo forte durante três horas de espanto e maravilhamento pelo que vivenciava, foi uma experiência que não achei que fosse viver. A versão HFR teve muitas críticas da imprensa especializada. E só o que eu posso dizer é bullshit. Se aquilo não é cinema - bla bla bla bla -, não sei o que é. Se o cinema não está aí para nos levar para além do que vivemos, ao mesmo tempo em que nos confronta com o que somos, well... 

Já que ainda não cheguei à história, aproveito para dizer também que me divertem e indignam, tudo ao mesmo tempo, os protestos por Peter Jackson ter transformado um livro de menos de 300 páginas em três filmes. As suas opções foram questionadas antes mesmo de o filme ser lançado e sua foto com um money em caixa alta anda pela internet acompanhada de comentários ácidos. Sério? 

Bom, para ir na contramão dessa ideia, tenho que, finalmente, falar do filme em si. Ufa.

O Hobbit é uma história incrivelmente bem contada. Não consigo me afeiçoar a J. R. R. Tolkien como escritor, de verdade. Não consigo alcançar sua narrativa, é como se visse algo decodificado que não conseguisse compreender. Uma pena, porque amo a história. E como eu sei disso? Pelos filmes.

E quem trouxe O Senhor dos Anéis e, agora, O Hobbit para a tela? Peter Jackson, o ganancioso vilão da indústria cinematográfica que, para mim, é um leitor genial. E um tradutor para algo que não compreendia, mas que, em imagens e sons e 48 frames por segundo, criam em mim uma grande admiração e entusiasmo pela história. 

O Hobbit remete ao modo como Jackson narrou O Senhor dos Anéis todo o tempo - e isso cria uma coerência e uma unidade linda de ver e nada fácil de se realizar. O início do filme nos lembra de por que estamos ali. Além de trazer de volta, num instante, o mundo que conhecemos anteriormente. As referências são contínuas, bem construídas e nos colocam definitivamente dentro do filme. 

E isso é potencializado pela versão em HFR, que dá à história um suporte imagético que não tinha visto ainda. Meu coração ficou disparado todo o tempo. 

Peter Jackson já havia dito que há partes importantes na história de Bilbo Baggins que ocorrem em poucas linhas, mas que são ações longas. Daí uma justificativa para os três filmes, além de eles englobarem os Contos Inacabados e não só o que está em O Hobbit. Eu senti percebi isso logo quando comecei a ler o livro - uma última tentativa de chegar a Tolkien pelas suas palavras, e não só pela criação genial de um dos seus leitores mais insanos. Logo no início deu para perceber as inúmeras possibilidades... O que se confirmou quando, ao depois de ver o filme (o livro eu estou lendo a passos de tartaruga, não tem jeito), eu meio que tropecei na parte da tempestade. Se não fosse pelas imagens que vi no cinema, a luta de gigantes de pedra não teria ocorrido para mim - eu realmente preciso de tradução para Tolkien.
Watson em outras aventuras.
All was well, until one day they met a thunderstorm - more than a thunderstorm, a thunder-battle. .You know how terrific a really big thunderstorm can be down in the land and ina river-valley; especially at times when two great thunderstorms meet and clash. More terrible still are thunder and lightining in the mountains at night, when storms come up from East and West and make war. The lightning slinters on the peaks, and rocks shiver, and great crashes split the air and go rolling and tumbling into every cave and hollow; and the darkness is filled with overwhelming noise and sudden light. (The Hobibit, p. 67).
Não me entenda mal. Não digo aqui que os filmes são melhores que o filme... quem sou eu para dizê-lo?  Mas são os filmes que fazem sentido para mim, e parei de brigar com isso, na ideia de que gostaria mesmo da história se lesse o original. A origem nós fazemos também, e, para mim, a Terra Média começou com as imagens de Peter Jackson.

Outra expectativa grande para o filme era Martin Freeman como Bilbo. Eu tinha certeza que nenhuma decepção viria daí, e não poderia estar mais certa. Se todas as certezas pudesse sem assim.

The Hobbit: três vezes em dezembro, uma delas em HFR. 

A Origem dos Guardiões (Rise of The Guardians. Peter Ramsey, US, 2012) ) não foi tão esperado quando O Hobbit, mas foi uma surpresa grande. Com Guillermo del Toro na produção, eu não deveria ter me surpreendido, mas a animação da DreamWorks me cativou definitivamente. A arte é linda, a história é de cortar o coração, os personagens são geniais.

Aqui, novamente, uma reação às críticas: nos comentários no imdb, vários espectadores reclamaram da c caracterização de Papai Noel e no Coelhinho da Páscoa. Sustentaram que eles deveriam ter permanecido como eram. Uhn? E como eles são, senão o que as histórias fazem deles? Eu gostei muito da imagem dos guardiões das crianças como guerreiros insuperáveis. As tatoos do Noel são massa, o Coelhão é uma figura maravilhosa, a Fada dos Dentes é um doce e Sandman é um fofo, extremamente poderoso, como os sonhos. :E eu comprei o brinde do McLanche Feliz dos duendes, que são minions geniais. Os personagens das crianças nos lembram para quem existem os guardiões. E Jack Frost? Heartbreaking.

Diferentemente do que acontece com as animações, a versão original aqui faz muita diferença. A voz do Bicho Papão é de Jude Law, e deixa o personagem bastante assustador e intenso, o que se perdeu na dublagem em português. Eu já vi o filme várias vezes no cinema, mas mal posso esperar pelo DVD, para assistir ao original novamente. Lindo, comovente e divertidíssimo, ele já está na minha ideia dos favoritos.

Rise of The Guardians: quatro vezes no cinema, uma delas na versão legendada.

O primeiro filme do mês foi E Se Vivêssemos Todos Juntos? (Et Si On Vivait Tout Ensemble? Stéphane Robelin, França/Alemanha, 2011), a que queria muito assistir - viver junto com os amigos na velhice é uma ideia que gosto de imaginar para os dias que virão -, mas que enrolei até chegar ao cinema. E amei quando o vi. Eu não sei se consigo dizer de verdade como me sinto ao ver uma história sem concessões e, ao mesmo tempo, delicada e querida. A vida em amizades, discordâncias, amor, dificuldades, perdas. encontros inesperados é contada aqui sem o sentimentalismo usual. Os franceses estão dando lições nesse sentido - é só lembrar de Os Intocáveis. Um filme para ver com a alma, o coração e a lembrança de pessoas amadas. 

Et si on vivait tout ensemble? Duas vezes no cinema.

O último filme do ano até agora (quem sabe consigo dar uma escapada ao cinema daqui a pouco?) é Detona Ralph (Wreck-it Ralph. Rich Moore, US, 2012). Fui à pré-estreia, numa sessão lotadíssima em uma sala sem ar condicionado - no calor de fim de mundo que tem feito nesta cidade. Pensei que ia ser uma experiência horrorosa, mas três crianças amadas e uma amiga querida que ajudou a administrar, numa competência surreal ( : ), a bagunça, somados a um filme muito bacana, foi, na verdade, uma tarde divertidíssima e muito fofa. 

Detona Ralph foi o único filme que vi uma só vez este mês... mas promete repeteco para janeiro!




PS: Um dos presentes mais insanos e incríveis que já ganhei (Paty, sua doida), os DVDs de O Senhor dos Anéis em versão estendida teve um destino feliz dois dias antes da pré-estreia de O Hobbit. Amanda e Melissa, minhas sobrinhas de coração muito queridas, lindas, amadas e, claro, com um bom senso de moda ( : ), vivenciaram comigo uma maratona que estava para acontecer há tempos, em outras circunstâncias, mas que sempre morria na prais: os três filmes de LOTR em versão estendida num dia só. Foram quinze horas no total, café da manhã, almoço e jantar e sorvete, e uma incrível imersão na história antes de chegar à Terra Média again. Incrível e feliz. 

Ficou uma dúvida, no entanto. Li, à época das filmagens, que Hugo Weaving, o Elrond, fez uma piada com Viggo Mortensen à época de O Retorno do Rei: colocou os óculos do Agente Smith durante a gravação de uma das cenas. Conta a lenda que ninguém conseguiu mais trabalhar naquele dia. Mas eu não acho a cena nos extras ou na internet. Alguém teria alguma notícia a respeito?


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