Antes de chegar ao sexto capítulo - e o último publicado até agora - das histórias de Mercy Thompson, chegou de encomenda o último livro de Cecelia Ahern, uma autora de que gostava muito e que se encontra em um post anterior aqui no Viagens - Literatura Cute (01.04.2011).
Girl in The Mirror é um livro pequeno, com dois contos - o primeiro dá título ao livro; o segundo é The Memory Maker. Veio numa apresentação muito fofa, em capa dura. Mas o conteúdo é surpreendentemente estranho. Eu me aproximei de Ahern pelas suas histórias doces, divertidas e que se passam na Irlanda. Podia contar com ela como uma companhia legal para viagens... mas, como também já disse aqui, seus últimos livros têm sido mais bizarros que interessantes, com uma "moral da história" muito certinha e sem contradições. E sem muito espaço para a imaginação, embora trabalhe com a fantasia em todos eles.
Quando terminei a primeira história, fechei o livro e pensei no que havia lido. Girl in The Mirror pareceu para mim um conto de terror - lembrou-me um pouco A Chave Mestra, com Kate Hudson (Iain Softley, US/Alemanha, 2005), um filme que me me apavorou bastante. Não me pergunte se isso é bom, acho que não. Mas sinto assim por não associar o nome à pessoa, sabe como? Se fosse um conto de Neil Gailman talvez fizesse mais sentido, mas em Cecelia Ahern ficou estranho para mim. Essa minha reação diz muito do que são as expectativas... mas é difícil não mantê-las com um autor querido. Ainda preciso conversar melhor com essa nova Ahern.
Depois desse curto intervalo, fui novamente para Tri-Cities encontrar com Mercy Thompson, agora no sexto livro de sua série, River Marked, de Patricia Briggs. Não é por teimosia que continuo a defender séries mais curtas. Este último livro não compromete a história, mas não me entusiasmou como os primeiros. Ou, talvez, ler uma série mais longa de forma tão seguida realmente não seja para mim. Começo a perceber mais vícios do que prazeres na escrita, e os personagens não são mais tão interessantes para mim. Preciso andar em outras paisagens...
Algumas conversas de Mercy com seus vamps e weres friends sobre filmes são muito divertidas. Max Schreck como a scared old monster fez todo sentido. Adoro quando a ficção conversa com ela mesma. Esse, aliás, é um dos aspectos que mais me atraem na chamada "literatura pop" - names schnames... - de hoje.
“I liked Lost in Space ,” Stefan said.
“The movie or the TV series?”
“The movie? Right. I had forgotten about the movie,” he said soberly. “It was better that way.”
“Sometimes ignorance really is bliss.” (p. 16, no arquivo que li no computador).
Warren’s pick for our feature film turned out to be Shadow of the Vampire, a fictional movie about the making of Nosferatu . Someone had done a lot of research into the legends about the old film and played with them. At one point, watching Stefan’s intent face, I said, in a stage whisper, “You know, you are a vampire. You aren’t supposed to be scared of them.”
“Anyone,” said Stefan with conviction, “who ever met Max Schreck would be scared of vampires for the rest of their lives. And they’ve got him dead to rights.”
(...)
“The movie has it right? Max Schreck really was a vampire?” Warren asked. Max Schreck was the name of the man who played the vampire in Nosferatu.
Stefan nodded. “Schreck wasn’t his real name, but he used it for a century or two, so it will do. Scary old monster. Really scary, really old. He decided he wanted to be on film, and none of the other vampires felt like challenging him over it.” (p. 17).
Outras paisagens, cool. Mas ainda não foi dessa vez... On The Prowl é um livro de contos que contém o início de outra série de Patrícia Briggs, Alpha & Omega. Situada no mesmo mundo de Mercy, aqui Briggs nos coloca mais próximos do pack de werewolves em que Mercy foi criada. Por enquanto, com personagens que sinto mais intensos, estou gostando muito. Ainda no começo do primeiro livro da série em si - Cry Wolf -, estou feliz. Mas preciso ler outras coisas antes de continuar, senão não respondo por mim, rs.
Outros autores participam de On The Prowl. Além de Briggs, Eileen Wilks traz o conto Inhuman, com personagens que se encontram no quarto livro da sua série Lupi. Buing Trouble é a história de Karen Chance. mais bobinha. Mona Lisa Betwining também apresenta personagens presentes em outros livros da autora, Sunny, mas o conto é muito bobo - li em fastfoward. Todas as últimas três autoras eram desconhecidas para mim antes desse livro. Rita, como sempre com um olhar certeiro com os livros, leu somente a história de Patricia Briggs, deixando as outras de lado. Eu não utilizei o meu direito de fechar o livro antes do fim... e veja no que deu. Mas não devemos chorar sobre as páginas viradas, rs.
Tenho encontrado alguns personagens de sagas e séries em contos que expliquem seus antecedentes ou sejam um complemento para a trama. Parece ser uma prática comum em autores da chamada urban fantasy hoje, uma forma de mostrar outros aspectos das histórias e personagens. Charlaine Harris, dos livros de Sookie Stackehouse, tem muitos contos que completam as aventuras de Sookie. Esses contos curtos chamam muitos leitores para as séries. Bom, esse é um chute, mas parece uma estratégia de marketing eficiente. Cheguei a uma das minhas séries favoritas hoje, Morganville Vampires, com um conto da coletânea Many Blood Returns - em que está presente também Charlaine Harris. É uma forma de desenvolver os personagens e trazê-los de uma forma diferente da que se encontram nos seus livros próprios.
No cinema, antes que junho acabasse, resolvi dar uma chance a Piratas do Caribe: Navegando em Águas Perigosas (Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides. Rob Marshall, US, 2011). Tanto eu quanto Marcela, que adoramos Jack Sparrow, saímos antes do fim. Aliás, eu já havia utilizado o meu direito de ir embora - como diz Nick Hornby - no segundo filme da série, e nem ao menos entrei no terceiro. Mas com tantos cinemas fechados na cidade e com poucas opções, decidi que valia a pena tentar. E valeu, só não fiquei até o final. E sem arrependimentos.
Meia Noite em Paris (Midnight in Paris. Woody Allen, Espanha/US, 2011) é uma delícia de viagem desde o início, com um panorama da cidade em um passeio sem pretensões. Um prólogo para as outras viagens que o personagem de Owen Wilson faz enquanto em Paris. O que me ocorreu durante o filme é o quanto essa cidade extremamente cinematográfica, que parece um produto da imaginação até que nela chegamos pela primeira vez, proporciona várias viagens para quem nela se encontra. Uma das maiores é a que nos proporciona a cultura e todos os artistas que nela estiverem e a imortalizaram.
Outro pensamento: não há intelectualismo ou pretensão de um conhecimento que se diga legítimo e completo que consiga compreender a experiência da cultura e da arte de uma pessoa e a relação mágica com elas. Uma magia que me empolgou, apesar de o filme me trazer um desconforto algumas vezes. Eu o traduzo, para meu conforto (preciso dele às vezes...) como uma falha na direção. Mas acho que é impossível alguém não se deixar seduzir por uma história tão bacana, mesmo que esse alguém seja Woody Allen.
Até agora, meu alter ego de Allen preferido é mesmo Scarllet Johanson. Sei que há controvérsias, e que Owen Wilson realmente se esmerou (só de escutar a voz dele, no início do trailer, ainda com a tela escura, já sabia se tratar do Woody Allen), mas podia ter pesado um pouco menos a caricatura. Nada que tenho me deixado menos feliz com o filme, though.
No mesmo dia, numa outra experiência diferente para mim, assisti a Nanook, O Esquimó (Nanook of The North. Robert Flaherty, US/França, 1922). Parte da programação de Cine Concertos, no CCBB, o filme foi exibido ao ar livro, com orquestração ao vivo. Adooooooooooooooro cinema ao ar livre. Para mim, é outra criação do cinema. Só a havia experenciado em filmes, e estar ali, numa noite fria e estrelada, com meu vino e cobertor, foi um fechamento encantado para um dia de filmes mágicos.
Nanook é um documentário surreal se pensarmos na época em que ocorreram as filmagens - 1913. A história é forte, a vida dos esquimós apresentada no que me pareceu uma forma honesta. E a música tirou, como se espera dela, todo o estranhamento que entrar naquele mundo mudo e preto e branco ´poderia causar. Não me senti muito longe dos primeiros espectadores de cinema. Amei.
Por fim, e já em julho, filme de domingo com a minha pequena. Marcela e eu fomos assistir a Os Pinguins do Papai (Mr. Popper's Penquins. Mark Water, US, 2011). Acostumei-me com um Jim Carrey mais interessante e menos caricato, e encontrá-lo como no início da carreira foi um pouco desconfortável, tive de acessar outras imagens que tinha dele. Mas ri muito em algumas partes do filme, tanto que Marcelita me cutucou várias vezes para parar de rir - ela morre de vergonha quando eu rio alto, mas não aguentei.
Este post ficou gigante... Muita coisa atrasada para contar. Mas ainda não terminou.
Ao ver Giverny em Midnight in Paris, uma música do seriado Grey's Anatomy me veio à cabeça. A música estava lá, mas o nome ou um trecho da letra não apareceram na minha memória. Em época de internet, nada de esperar 20 anos para saber a final do Australian Open (fatos reais de uma pessoa que não lia ou lê jornal...). Encontrei um site com todas as músicas do seriado por temporadas - http://greysoundtracks.free.fr/ - e, após uma busca insana pelas temporadas (exagero, na segunda temporada que acessei já encontrei a música. Mas foram 30 episódios pesquisados), encontrei Rapture, de Laura Veirs. Melancólica e poética, eu a trago aqui. Enjoy!
With photographs
And magnetic tape
We capture
Pretty animals in cages
Pretty flowers in vases
Enraptured
And doesn’t the tree
Write great poetry?
Doing itself so well
Do you blame monet?
His gardens in giverny
He captured
And lovely basho
His plunking ponds and toads
Enraptured
The fate of kurt cobain
Junk coursing through his veins
And young virginia woolf
Death came and hung her coat
Love of color, sound and words
Is it a blessing or a curse?
Enraptured
Eu ainda não tinha visto o poster do "Meia Noite em Paris" e me supreendi ao notar "Starry Night" ao fundo... Fabulosa a imagem!
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