Este post está muito, muito atrasado... mas vou contar a história dele, anyway.
Há umas duas semanas, depois de Clockwork Prince, voltei para Harlan Coben e a sua série de livros com o personagem Myron Bolítar. De um jeito que acho legal, conheci esses livros a partir do segundo, já que foi ele que me chamou a atenção. Como fiquei curiosa com os antecedentes do personagem, resolvi chegar ao primeiro livro.
Quebra de Confiança inaugurou a série, em que o ex-jogador de basquete e agente do FBI, agora agente esportivo começa a criar uma rotina de investigar assassinatos relacionados a seus clientes. O início da história já cai de paraquedas na vida de Bolítar - sua profissão, seu amor por Jessica, sua amizade com Will e Esperanza... caímos ali e aos poucos vamos conhecendo seus antecedentes e o por que de sua vida ser assim.
Os personagens são fortes, o mundo dos esportes é atrativo para mim... mas desde Jogada Mortal havia achado a trama violenta de uma forma desnecessária - muita gente ruim à toa, estupros a doidado, más intenções à la novela das 9, que detesto e não vejo há mais de 15 anos. Assim, eu que me considero forte para temas extremos, decidi, ao fechar esse primeiro livro da série de Harlan Coben, que ia parar ali mesmo com Myron Bolítar.
Ao fazê-lo, eu questionava principalmente o motivo de tanta violência, a meu ver, gratuita. Ela, violência, por ela mesma... o fundamento da trama, além das pessoas e da vida em si.
Fechei o livro, tomei banho correndo, e fui assistir a um filme por que esperava há um tempo. Quando ele terminou, pensei em como essa existência é realmente engraçada.
Drive (Nicolas Winding Refn, US, 2011) me deixou de cara. Eu sempre chego a um filme de Ryan Gosling esperando muito - exceto, claro Diário de Uma Paixão. Blue Valentine, Lars and The Real Girl (que eu revi esses dias, muito muito!), Um Crime de Mestre, Half Nelson, Stupid Crazy Love... Como eu gosto dele e dos filmes que faz. Por isso, esperava muito de Drive. A minha expectativa encontrou a si mesma e subiu algumas oitava, no entanto, nesse filme que considero for life.
Eu amo o cinema e tenho bastante fé nos filmes... mas andava também com a percepção de que está mais fácil me decepcionar com o que encontro no cinema. Fevereiro foi um bom mês para me provar o contrário, e Drive surgiu como o ápice da esperança, rs.
Jesuschristsuperstar, o que é esse filme? E o silêncio? A intensidade dos personagens e sentimentos? O quanto é dito sem uma palavra? Eu fui deslizando por ele... até que começaram as mortes. As mais surreais, elas conseguem fazer bonito até me frente Tarantino. Garfadas na garganta, pés esmagando cabeças (essa na cena mais perfeita do filme, a do elevador)... E eu que havia fechado um livro determinada a não me aproximar da violência.
Mas aí é que está: as obras de Harlan Coben e Nicolas Refn são muito diferentes. No que uma tem de violência gratuida e clichê, a outra tem de intensa e trágica. O Driver não consegue, mesmo querendo, se livrar da violência que constitui sua vida. Sem conseguir se desfazer dela, ele fica impossibilitado de amar. E quer maior tragédia que essa?
Carey Mulligan está maravilhosa também, uma contrapartida à altura de Ryan Gosling. A cena do elevador, com os dois, em que um mundo os une e o separa em poucos segundos, já é uma das minha favoritas no cinema: antes de mostrar a ela a violência que o compõe, antes de a perder definitivamente, ele a beija... E a deixa ir.
Saí do filme mais determinada ainda, rs, a me afastar de Coben e Bolitar. Afinal, como me satisfazer com pouco depois de ter tido tanto?
PS: Nicolas Refn, um diretor e roteirista nascido na Dinamarca, está dirigindo um novo filme com Ryan Gosling, Only God Forgives... No imdb.com, só o plot já me diz que esse vai ser incrível também: " A Bangkok police lieutenant and a gangster settle their differences ina Thai-boxing match". Pense : )
Nossa! Adorei como descreveu a cena do elevador!
ResponderExcluirÉ muito engraçado como duas obras que contém violência podem ser tão diferentes, né? Terá alma também a ficção? hohoho Obviamente, a alma de quem a cria... Beijinho.
A ficção traz em si a alma do mundo, em imagens, sons, letras e encantamento : )
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