Depois
dos filmes, vêm os livros de julho que ainda não apareceram aqui. Eu havia
parado numa grande decepção com uma das séries de Richelle Mead.
Assim, continuei o mês com uma outra série que havia pisado um
pouco na bola, mas da qual nem ouso desistir: The Mortal Instruments foi
concebida por sua autora, Cassandra Clare, inicialmente como uma trilogia,
todos já lançados no Brasil: Cidade dos Ossos, Cidade das Cinzas, Cidade de
Vidro. Então, num dia não muito feliz para seus leitores, ela resolveu estender
a série para seis livros - talvez pela previsão de adaptação da história para o cinema (depois de muita confusão, o cast já está completo). O quarto, super esperado, foi completamente ugh. Uma
história tão legal, um final decente, personagens bacanas... e a pessoa resolve
por tudo em risco. Resolveu coloca Jace em risco! Pense... Assim, City of
Fallen Angels, além da capa pereba, não me convenceu muito sobre a ideia de dar
continuidade à trilogia - uma das minhas preferidas até hoje.
You know men. We have delicate egos.
I wouldn't describe Jace's ego as delicate.
No, Jace's is sort of the antiaircraft artillery tank of male egos, ―
Simon admitted.(p. 273).
O Contrário aconteceu, neste ano, com a série spin-off da mesma autora, Infernal Devices. O primeiro livro, Clockwork Angel, foi muti bom, mas o segundo, de 2012, foi excelente e superou todas as minhas expectativas. Conseguiu elevar a série, para mim, a um outro patamar, e mal posso esperar pela sua conclusão (se é que existe such a thing). A partir dela, cheguei ao quinto capítulo de Mortal instruments meio descrente do que iria encontrar.
― Simon?
― Oh, please, ― said Simon. ― All I did
was tell you the entire plot of Star Wars.
― I don't think I remember that, ― said
Isabelle, taking a cookie from the plate on the table.
― Oh, yeah? Who was Luke Skywalker's best
childhood friend?
― Biggs Darklighter, ― Isabelle said
immediately, and then hit the table with the flat of her hand. ― That is so
cheating! Still, ― she grinned at him around her cookie.
― Ah, ― said Magnus. ― Nerd love. It is a
beautiful thing, while also being an object of mockery and hilarity for those
of us who are more sophisticated. (P. 116).
Bom, excelente não é, mas City of Lost Souls deixou o ugh do
livro anterior de lado e voltou a, pelo menos, fazer algum sentido para mim - mesmo que por meio de uma apelação, eu acho. Esse livro é mais romântico que os demais, fugindo um pouco da
linha que Clare seguia nos três primeiros livros. Não gostei muito, mas não foi
nada que comprometesse, porque a questão central é muito legal e consegue
preencher um gap que havia ficado - mesmo que, como disse acima, envolva uma certa forçação de barra. Agora vamos para o sexto livro com mais
entusiasmo... que medo.
There is a crack in everything
That‟s how the
light gets in.
Leonard Cohen (p. 121).
Capas com rostos... ugh. |
Para Richelle Mead eu retornei com
o segundo livro de uma série spin-off de Vampire Academy, Bloodlines. Viram que
spin-off já apareceu aqui duas vezes hoje. É assim na TV, nos livros... Joey foi um spin-off de Friends; Frasier, de Cheers... e assim vai. Quando dá certo,
é uma alegria ter um mundo de que gostamos e em que vivemos de volta. Mas
quando dá errado, jaisus...
Bloodlines, por enquanto, tem sido bacana. Está nos
livros iniciais - eu li o segundo, Golden Lily -, o que, na linguagem de Mead, significa histórias não muito
fortes ainda. O heartbreak deve vir agora no terceiro ou quarto livros, depende
de quantos volumes será a série. Parece calculista? Bom, é a observação do que
aconteceu até agora. Quem sabe ela consegue surpreender (sério, estou com os
dedos cruzados).
Os protagonistas são dois personagens legais, secundários em Vampire Academy: Adrian e
Sydney. Eles são bocudos, divertidos e bastante problemáticos, o que dá um
enredo bom. Além da oportunidade de espiar Dimitri e o que ele anda fazendo por
ai : )
Há um link no imdb.com sobre a adaptação para o cinema, mas ele está sem atualizações já há algum tempo.
O terceiro livro, que encerra
este post - os demais do mês de julho terão um capítulo separado para eles -
foi o mais incrível de todo o ano. De verdade. Um presente especial de um amigo
que, sem saber, salvou o terceiro capítulo da minha tese. De verdade.
Não haveria, a princípio, como falar do que Hope:
A Tragedy, de Shalom Auslander (pense se o nome do autor já não é bizarro), tem de especial sem contar a surpresa que surge
logo nas primeiras páginas - eu a desconhecia e tive um treco quando li. Por isso resolvi não trazê-la aqui. Se alguém quiser muito saber, me pergunta - para alguns amigos eu já contei, não resisti, rs. Mas tentarei não dar muita bandeira aqui.
I have been the
blessed beneficiary of sixty years of humanity’s guilt and remorse, Mr. Kugel.
(...) These are true details, I assure you,
but I know to emphasize them; I’m not a fool; I know of guilt myself.
My sister died beside me. My Mother died, my friends. I survived.
That’s not easy either. Perhaps it’s true that I’m seeking to have it both
ways; (...) but I use the Holocaust to
subsist, to get what I need: shelter, food, a place to work. P. 244.
Kugel, americano judeu, muda-se
para o campo com a esposa, o filho e a mãe. Encrencado para pagar as prestações
da casa nova, a sua vida não anda muito tranquila. A esposa cobra a presença da
sogra, que, por sua vez, inferniza a vida do inquilino pagante. O filho é uma
alegria, depois de sobreviver a uma doença grave. A casa deveria ser uma
mudança de ares na vida do casal.
A figura, Shalom Auslander |
Mas o negócio é que a casa
fede. E muito. E ao procurar a origem do mal cheiro, ele se depara com alguns anos de história que não querem largar do seu pé.
A herança do holocausto e como
ela pode prejudicar e amarrar as novas gerações de judeus, que ficam eternamente conectados a algo que se permite transcender - afinal, esquecer seria desonrar as vítimas e o peso do acontecimento, certo? - é colocada por Auslander com um humor genial - que, eu
acho, advém do cansaço de carregar algo com que não se identifica mais. Não
digo que não se deva olhar para o que aconteceu... mas é olhar, de fato, e não carregar
uma história que pode, assim, ser um peso morto e fétido por gerações e
gerações. A mãe de Kugel é uma figura que traz esse peso irracional:
It’s all disappearing, Mother sobbed.
Lucky you,
Kugel thought. He could go for some of that forgetting stuff about now. Forget
her, forget Father, forget it all, just for a day, a weekend. Heaven is a place
with no memory, no history, no past; sure, some warm memories would be
sacrificed along with the bad, but all in all, an improvement. A step in the right
directionlessness. (p. 195).
Eu me agarrei ao livro e não
consegui largá-lo ainda, mesmo depois de terminado. O que ele me trouxe
continua, ressurge no pensamento diante de várias situações diferentes. Lembra
como nos há amarras que não queremos, mas que permanecem. Lembra também como
nos livrarmos delas nem sempre é tão simples. Mas a ficção, para variar, coloca a questão de frente, e com um autor como o Auslander, não nos deixa virar as costas para ela. E algumas vezes ele o faz de forma assustadora:
He refused to respond to her,
to encourage her.
Six million he kills, thought Kugel,
and this one gets away.
I shouldn't hve thought that, he thought.
At least I didn't say it.
But you thought it.
That's not as bad.
It's bad enough.
to encourage her.
Six million he kills, thought Kugel,
and this one gets away.
I shouldn't hve thought that, he thought.
At least I didn't say it.
But you thought it.
That's not as bad.
It's bad enough.
(p. 111).
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