So this is the difference between telling a story and being in one, he thought numbly, the fear.
The Name of The Wind, p. 49.
Sem medo, posso dizer que uma joia que a vida nos oferece são os encontros fortuitos. Encontros de alma que podem ocorrer com lugares, livros , filmes, músicas, momentos, situações...
...E, claro, pessoas. Estranhos que entram na nossa vida for life ou apenas por alguns instantes, as pessoas com quem nos identificamos de alma são sempre um presente. Encontros são sempre um presente, e o post de hoje traz dois muito legais.
Todo começo de semestre traz novidades, uma delas, a minha preferida, são os novos amigos. Todo ano tem sido maravilhoso nesse sentido. Pessoas maravilhosas e brilhantes, elas são também bastante maluquinhas e amam o cinema e os livros e as histórias e a arte tão ou até mais que eu. Este ano, os bons ventos trouxeram Américo (vulgo The King : ) e sua vivência intensa e rica com a ficção e suas narrativas maravilhosas.
Many folk view us as vagabonds and beggars, while others deem us little more than thieves, heretics, and whores. It’s hard to be wrongfully accused, but it’s worse when the people looking down on you are clods who have never read a book or traveled more than twenty miles from the place they were born. (p. 63).
As primeiras conversas são quase uma doença, com um atropelando o outro na apresentação de suas histórias preferidas.
Você viu The Avengers? O que achou do último Crepúsculo? Poderia me apresentar os mangás? Já leu MortalInstruments VampirosdeNovaYork Feios InfernalDevices VampireAcademy.... ??? Viu a última do Neil Gaiman??? Bom, no intervalo da aula, pouco espaço para respirar, e muitas, muitas histórias novas para conhecer.
Uma delas foi Death Note. The King, rs, ficou responsável por me apresentar a um dos grandes gaps da minha vida, os Mangás. Como todo exagerado que se prese, trouxe três coleções completas. Um pouco de Death Note eu já falei aqui. Agora é aguardar as cenas dos próximos mangás e a resposta para um dos grandes mistérios da minha existência: o que há na cultura japonesa que me repele tanto quanto atrai? Spooky.
“There’s no good story that doesn’t touch the truth.” (...). “All stories are true,” Skarpi said. “But this one really happened, if that’s what you mean.” He took another slow drink, then smiled again, his bright eyes dancing. “More or less. You have to be a bit of a liar to tell a story the right way. Too much truth confuses the facts. Too much honesty makes you sound insincere.” (pp.. 202/203).
Mas o golpe de misericórdia nesse meu coração que se joga nas histórias sem rede de proteção foi a série escrita por Patrick Rothfuss e que se encontra no segundo livro, The Kingkiller. Nesta madrugada terminei o primeiro deles, The Name of The Wind e logo hoje já pretendo passar para The Wise Man's Fear.
E, antes de tudo, já digo, como Kvothe, em determinado momento da sua história, que posso não ser justa no meu modo de contar... A história vai muito além das minhas palavras.
Acima eu me referi ao grupo de pesquisa na universidade... uma das nossas maiores referências é Walter Benjamin. Um dos seus artigos, O Narrador, encontra-se constantemente presente nas nossas conversas e escrita. Bom, para resumir muito o que quero dizer aqui, Benjamin diz como uma narrativa, para ser considerada como tal, precisa ter em si a transmissão da experiência - ele o diz em contraposição com o aumento da informação em detrimento da narrativa. O contador de histórias narra de um lugar específico, conta da vida e do que estar no mundo. Enfim, conta para e do ser humano. Uma história traz o mundo em sua narrativa e por isso nela mergulhamos tão profundamente.
Rothfuss constrói seu mundo com as histórias: sua narrativa se rodeia do que é o mundo das histórias e dos narradores, numa escrita que parece já viver dentro de mim. E vive. As histórias e os seus heróis nos acompanham desde nossas origens nessa jornada também heroica que é a nossa vida.
"Furthermore, we have not even to risk the adventure alone; for the heroes of all time have gone before us; the labyrinth is thoroughly known; we have only to follow the thread of the hero-path. And where we had thought to find an abomination, we shall find a god; where we had thought to slay another, we shall slay ourselves; where we had thought to travel outward, we shall come to the center of our own existence; where we had thought to be alone, we shall be with all the world." Joseph Campbell, The Hero with a Thousand Faces (p. 18).
Com um respeito e amor profundo pelas histórias e seus contadores, Rothfuss abraça as diferentes formas de narrativa, as diferentes vozes de diversos narradores e nos leva pela mão por um mundo do qual não queremos mais sair. Eu não quis, tampouco, andar por ele apressadamente. Não conseguia. As frases, as imagens, os personagens... desde o início eles se tornaram bastante preciosos, e lia repetidamente alguns trechos, para consolidar em mim esse mundo que já é tão precioso para mim. Eu o percebi quando, ao final do livro, voltei ao seu início e reli, ainda na madrugada, as 50 primeiras páginas. E pensar que há quinze dias eu nem fazia ideia da sua existência.
As histórias em The Name of The Wind são todas interligadas, principalmente por meio do personagem princpal, Kvothe, ele próprio um narrador. Ou, melhor dizendo, O narrador, rs. A releitura do livro, eu já percebo, será obrigatória e uma viagem incrível e bastante diferente da primeira leitura. Mas ainda totalmente heartbreaking, como só as historias boas e honestas conseguem ser. E agora eu sigo, com o mesmo medo do homem sábio, para o segundo livro, desta que já é, assim de início, uma das minhas histórias favoritas.
Patrick Rothfuss, o contador de histórias genial e, pela cara, completamente insano : ) |
Como apresentar o que se segue numa história de modo a fazer nosso coração bater mais rápido:
Bast ate half of everything.
Chronicler accounted for a sizable, though more modest amount. Kvothe had a bite or two before he spoke. “Onward
then. Music and magic. Triumph and folly. Think now. What does our story need? What vital element is
it lacking?”
“Women, Reshi,” Bast said
immediately. “There’s a real paucity of women.”
Kvothe smiled. “Not women, Bast. A woman. The woman.” Kvothe looked at
Chronicler. “You have heard bits and pieces, I don’t doubt. I
will tell you the truth of her. Though I fear I may not be equal to the challenge.”(p. 351).
A identificação com a tabaquice alheia:
“I’m trying to remember
everything I said to him,” I admitted. “Sometimes my mouth just starts talking
and it takes my mind a little bit to catch up.” (p. 394).
A jornada do herói e a descoberta da nossa essência:
Elodin clapped his hands
together, sharply. “That is an excellent question! The answer is that each of
us has two minds: a waking mind and a
sleeping mind. Our waking mind is what thinks and talks and reasons. But the
sleeping mind is more powerful. It sees deeply to the heart of things. It is
the part of us that dreams. It remembers everything. It gives us intuition.
Your waking mind does not understand the nature of names. Your sleeping mind
does. It already knows many things that your waking mind does not.” (p. 670/671).
As nossas máscaras de adaptação a um mundo que nem sempre faz sentido:
Bast nodded. “And the boy becomes
a better king than the original. The goosegirl dresses like a countess and everyone is stunned by her
grace and charm.” He hesitated, struggling to find the words he wanted. “You see, there’s a fundamental
connection between seeming and being. Every Fae child knows this, but you mortals never seem to see. We
understand how dangerous a mask can be. We all become what we pretend to be.”
Chronicler relaxed a bit, sensing
familiar ground. “That’s basic psychology. You dress a beggar in fine clothes,
people treat him like a noble, and he lives up to their expectations.”
“That’s only the smallest piece
of it,” Bast said. “The truth is deeper than that. It’s…” Bast floundered for a
moment. “It’s like everyone tells a story about themselves inside their own
head. Always. All the time. That story makes you what you are. We build
ourselves out of that story.” (p. 716).
Ao escolher o que contar, escolhemos também o que é tão íntimo que não suporta o olhar alheio:
And, after some gentle goading, Denna sang for me. One verse of “Come
Wash,” a verse I had never heard before, which I suspect she made up on the
spot. I will not repeat it here, as she sang it to me, not to you. And since
this is not the story of two young lovers meeting by the river, it has no
particular place here, and I will keep it to myself.
Como a música é essencial a Kvothe e ao mundo que ele narra em palavras e imagens, o título deste post vem de uma música que esteve comigo esta semana:
Time to pass you to the test. Hanging on my lover's breath.
Always coming second best. Pictures of my lover's chest.
Get through this night, there are no second chances.
This time I might.
To ask the sea for answers.
Always falling to the floor, softer than it was before.
Dog boy - media whore, it's who the hell you take me for.
Give up this fight, there are no second chances.
This time I might.
To ask the sea for answers.
These bonds are shackle free, wrapped in lust and lunacy.
Tiny touch of jealousy, these bonds are shackle free.
Get through this night, there are no second chances.
This time I might.
To ask the sea for answers.
PS: O prólogo de The Name of The Wind já me chamou a atenção para a escrita de Rothfuss e para a poesia e tristeza da história. Ele eu trago aqui, para compartilhar essa primeira impressão:
PROLOGUE
A Silence of Three Parts
IT WAS NIGHT AGAIN. The Waystone Inn lay in silence, and it was a silence of three parts.
The most obvious part was a hollow, echoing quiet, made by things that were lacking. If there had been a wind it would have sighed through the trees, set the inn’s sign creaking on its hooks, and brushed the silence down the road like trailing autumn leaves. If there had been a crowd, even a handful of men inside the inn, they would have filled the silence with conversation and laughter, the clatter and clamor one expects from a drinking house during the dark hours of night. If there had been music…but no, of course there was no music. In fact there were none of these things, and so the silence remained.
Inside the Waystone a pair of men huddled at one corner of the bar. They drank with quiet determination, avoiding serious discussions of troubling news. In doing this they added a small, sullen silence to the larger, hollow one. It made an alloy of sorts, a counterpoint.
The third silence was not an easy thing to notice. If you listened for an hour, you might begin to feel it in the wooden floor underfoot and in the rough, splintering barrels behind the bar. It was in the weight of the black stone hearth that held the heat of a long dead fire. It was in the slow back and forth of a white linen cloth rubbing along the grain of the bar. And it was in the hands of the man who stood there, polishing a stretch of mahogany that already gleamed in the lamplight.
The man had true-red hair, red as flame. His eyes were dark and distant, and he moved with the subtle certainty that comes from knowing many things. The Waystone was his, just as the third silence was his. This was appropriate, as it was the greatest silence of the three, wrapping the others inside itself. It was deep and wide as autumn’s ending. It was heavy as a great river-smooth stone. It was the patient, cut-flower sound of a man who is waiting to die.
Nenhum comentário:
Postar um comentário