sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

PS do esquecimento + The end of the world as we know it


Este post se inicia com um PS ao anterior... Ao contar dos filmes de janeiro, um ato falho nada surpreendente ocorreu: esqueci completamente de Django Livre, o novo filme de Quentin Tarantino (Django Unchained. US, 2012).
O esquecimento não me surpreendeu. Apesar de haver me divertido horrores durante o filme, apesar das usuais referências geniais de Tarantino, apesar de admirar que ele tenha assumido explicitamente o faroeste... bom, com todas as ressalvas a favor, Django foi sobretudo uma grande decepção.
Assumo minha responsabilidade, no entanto. Entrei no cinema com uma expectativa gigantesca, resultado do tanto que considero Bastardos Inglórios genial. Esperava o mesmo de Django, esquecendo que expectativas e ideias preconcebidas são péssimas companhias para o cinema.
Mas é difícil nos livrar dessas duas uma vez que elas estão perto. Por todo o filme eu briguei com o que via, um horror. Isso não é jeito de ver um filme, sério. Eu ria e brigava; eu me admirava e brigava; eu me espantava e brigava. Exaustivo.
Lembrava todo o tempo de À Prova de Morte (Death Proof. Quentin Tarantino, Us, 2007), um filme em que o trash e as referências compõem a história de forma genial. O poster "dobrado" já diz um pouco disso...
Em Django, Chris Waltz, como sempre, está incrível – não mais o vilão, uma mudança bem-vinda. Ele e Tarantino são o chinelinho velho para o pezinho doente, uma combinação surreal. Samuel L. Jackson está odiável, maravilhoso. Mas eu sinceramente esperava mais, muito mais. Quem sabe para a próxima? (Essa expectativa não me larga).
Nos livros, comecei o mês com John Green e David Levithan, em sua escrita conjunta. Will Grayson, Will Grayson – cada autor é responsável pela voz em primeira pessoa de um Will  - consegue ser fofo como tudo o que esses dois escrevem. Mas foi difícil engatar na leitura, para chegar ao final com um pouco de exagero, uma mão mais pesada na escrita de dois autores que costumam não ser excessivos assim. Gostei, gostei, mas não é dos meu preferidos.
mom is in our lime-green couch, watching the pride & prejudice minisséries for the sevem-zillionth time, and i know I’ll be totally girling out if i sit there and watch it with her. The weird thing is that she also likes the kill bill movies, and i’ve never been able to sense a difference in her mood between when she’s watching pride & prejudice and when she’s watching kill bill. it’k like she’s the same person no matter what’s happening. witch can’t be right. (P. 58).

“Schrödinger was doing a thought experiment. Okay, so, this paper had just come out arguing that if, like, an electron might be in any one of four different places, it is sort of in all four places at the same time until the moment someone determines which of the four places it’s in. Does that make sense?” 
    “No,” I say. She’s wearing little white socks, and I can see her ankle when she kicks up her feet to keep the swing swinging. 
    “Right, it totally doesn’t make sense. It’s mind-bendingly weird. So Schrödinger tries to point this out. He says: put a cat inside a sealed box with a little bit of radioactive stuff that might or might not—depending on the location of its subatomic particles—cause a radiation detector to trip a hammer that releases poison into the box and kills the cat. Got it?” 
    “I think so,” I say. 
   “So, according to the theory that electrons are in all-possible-positions until they are measured, the cat is both alive and dead until we open the box and find out if it is alive or dead. He was not endorsing cat-killing or anything. He was just saying that it seemed a little improbable that a cat could be simultaneously alive and dead.” 
   But it doesn’t seem that improbable to me. It seems to me that all the things we keep in sealed boxes are both alive and dead until we open the box, that the unobserved is both there and not.
Maybe that’s why I can’t stop thinking about the other Will Grayson’s huge eyes in Frenchy’s: because he had just rendered the dead-and-alive cat dead. I realize that’s why I never put myself in a situation where I really need Tiny, and why I followed the rules instead of kissing her when she was available: I chose the closed box. “Okay,” I say. I don’t look at her. “I think I get it.”
    “Well, that’s not all, actually. It turns out to be somewhat more complicated.” 
    “I don’t think I’m smart enough to handle more complicated,” I say. 
    “Don’t underestimate yourself,” she says. 
    The porch swing creaks as I try to think everything through. I look over at her. 
    “Eventually, they figured out that keeping the box closed doesn’t actually keep the cat alive-and-dead. Even if you don’t observe the cat in whatever state it’s in, the air in the box does. So keeping the box closed just keeps you in the dark, not the universe.” 
    “Got it,” I say. “But failing to open the box doesn’t kill the cat.” We aren’t talking about physics anymore. 
    “No,” she says. “The cat was already dead—or alive, as the case may be.” 
    “Well, the cat has a boyfriend,” I say. 
    “Maybe the physicist likes that the cat has a boyfriend.” 
    “Possible,” I say.
    “Friends,” she says.
    “Friends,” I say. We shake on it.  (pp. 197/198).

Ao assistir O Hobbit pela quarta vez, vi o trailer de 16 Luas. Na hora, não soube o que era, depois, ao procurar o nome original, vi que se tratava da adaptação para o cinema de Beautiful Creatures, de Kami Garcia e Margareth Stohl, o primeiro de uma série em quatro volumes – o último foi lançado em outubro nos Estados Unidos. Eu já o estava para ler há um tempo, e resolvi fazê-lo antes do lançamento do filme, em março (o elenco está excelente).
O livro vai a passos tranquilos, na narrativa em primeira pessoa do protagonista. O gênero do narrado não representa uma mudança muito grande quanto aos livros narrados pelas mocinhas em perigo. E não sei se era eu ou se a história realmente demora a engatar. Não amei, não odiei... e estou curiosa para ver o filme.
Decidi também, como em Divergent, esperar um pouco para ler os demais livros. Ler uma série de uma tacada só evita a angústia da espera, mas pode tirar o que uma história em partes tem de atrativo, que é... a espera. O tempo e a distância. Dependendo dos livros, uma overdose da trama atrapalha bastante.
No mês do inferno astral infernal, não havia livro que me chamasse a atenção. Quando é assim, e como não consigo ficar sem ler, vale a apelar para qualquer alternativa. Neste janeiro, as rotas de fuga foram tão bobas, que quase não as coloquei aqui. Mas não tenho como virar as costas para as histórias que leio... e aqui estão elas:
Without a Trace, o quarto livro de uma série para a Harlequim de Norah Roberts, O’Hurley. Eu li os dois primeiros e esperava por esse, por se tratar do mais velho de quatro filhos e o mais enigmático. Mas a marmelada é tão violenta e destoa de tal forma dos anteriores, que foi difícil ultrapassar os clichês terríveis de Norinha nessa história que foi um desperdício de um personagem que poderia se tornar interessante. This Man, de Jodi Ellen Malpas, é mais uma cria de 50 Shades, e como todos os seus antecessores, traz uma pobre heroína apaixonada pelo homem lesado e cheio de traumas do passado. A pataquada é bastante estúpida. E me chamou a atenção que a pessoa passa todo o livro sem conseguir se afastar da Fera dominadora, por quem se diz absurdamente apaixonada. Mas quando o lesado precisa realmente de ajuda, ela vira as costas numa situação de vida ou morte. Incompreensível e mais um exemplo de como as situações são mais valorizadas do que os personagens. Pode-se reclamar o quanto for de Christian e Ana, mas pelo menos eles parecem gente, e não bonecos em situações bizarras. Seduction and Chocolate é o primeiro livro da série Chocolate Lovers, de Tara Sevic, e é um dos livros mais absurdamente absurdos que já li. Mas como eu me diverti. Porque aqui sim, apesar das situações forçadas, os personagens têm alma. Tanto que é até possível se identificar com eles – alguns pensamentos da protagonista pareciam ter saído da minha cabeça. E isso faz uma grande diferença ao ler uma história.

O final do mês eu passei com dois livros bacanas. Why We Broke Up, de Daniel Handler (Lemony Snicket) tem ilustrações de Maira Kalman (lindas lindas). Eu demorei um pouco a terminá-lo – comecei no ano passado. Eu tive uma impressão no início, muito sofrido, que, ufa, não se concretizou. E, mesmo contando do primeiro coração partido da adolescência, ele é, sobretudo, muito querido.
The thunk, I admit it, will make me smile. A rare thing lately. Lately I’ve been like Aimeé Rondelé in The Sky Cries Too, a movie, French, you haven’t seen. She plays an assassin and dress designer, and she only smiles twice in the whole film. Once is when the kingpin who killed her father gets thrown off the building, which is not the time I’m thinking of. It’s the time at the end, when she finally has the envelope with the photographs and burns it unopened in the gorgeous ashtray and she knows it’s over and lights a cigarette and stands in that perfect green of a dress watching the blackbirds swarm and flurry around the church spire. I can see it. The world is right again, is the smile. I loved you and now here’s back your stuff, out of my life like you belong, is the smile. (p. 10).
Min, a protagonista, que conta sua história em uma carta ao cafajeste que broke her heart, ama o cinema e para explicar como sente as situações, ou como as coisas a tocam, ela se refere aos filmes que viu e aos personagens que ama. O detalhe: todos os filmes e atores citados são criados pelo autor. Uma delícia.
Da contracapa, trago algumas histórias de primeiro coração partido que ali aparecem... Big smile.
“When my heart was broken I was fifteen I listened to Lou Reed’s Berlin  over and over and walked around a lot in the rain while my friends followed me looking worried and imploring me not to do anything stupid. Well, Stupider than walking around in the rain, anyway.”

NEIL GAIMAN, author of the Graveyard Book. 
“O knew I had to break up with Ann Rosenberg after she chose a teal dress for the prom. I had never heard of teal. Also, I was gay.”

BRIAN SELZNICK, author and illustrator of The Invention of Hugo Cabret. 
 “The boy I loved didn’t know I existed. Then again, he was obsessed with Camus, so he didn’t know if any of us existed.” DAVID LEVITHAN, coauthor of Nick & Norah’s Infinite Playlist e Will Grayson, Will Grayson.

“The first boy I fell in love with didn’t know I loved him, but he managed to break my heart anyway.”
Holly Black, author of White Cat. 
O ultimo livro do mês, que, aliás, já está no fim (já?) foi Legend, de Marie Lu, o primeiro de uma trilogia. Eu o conheci pelo trailer produzido pela MainStaypro para o segundo livro, Prodigy, lançado recentemente. A proposta da produtora é muito boa, gosto muito das adaptações (a de uma cena de The Fault in Our Stars é incrível, embora eu não o queira rever jamais... muito sentimento dolorido junto) e vale dar uma olhada nos vídeos no youtube e na página do facebook.
Eu gosto muito de distopia, as histórias não têm me decepcionado. E apesar de demorar um pouco para entrar no livro de vez – uma falha grande em janeiro -, a segunda metade eu li numa madrugada em que não o conseguia largar.
Abaixo, o trailer que me chamou a atenção para o livro.



PSS: Em janeiro, foi lançado Through de Ever Night o segundo livro de outra série distópica muito boa (Under The Never Sky). A autora é Veronica Rossi, brasileira que vive nos US. Poucos conhecidos aqui, os livros trazem história e personagens interessantes. Ainda não cheguei a esse segundo capítulo, mas estou bastante curiosa. Desse jeito, todos os livros do mês serão um capítulo de alguma trilogia ou saga... Bom que o carnaval está chegando J

PSSS: Tentei lembrar, enquanto escrevia este post, das séries que tenho acompanhado em livro. As que apareceram de imediato foram:
Bitter Blood, Rachel Caine (Morganville Vampires 13-já disponível);
The Indigo Spell, Richelle Mead (Bloodlines 3 - 02/2013);
City of Heavenly Fire, Cassandra Clare (Mortal Instruments 6 - 03/2014... e por falar em espera!)
Clockwork Princess, Cassandra Clare (Infernal Devices 3 - 03/2013);
Dead Reckoning / Deadlocked, Charlaine Harris (Sookie Stackhouse 11 e 12);
Through the Ever Night, Veronica Rossi (UTNS 2, já disponível);
Insurgent, Veronica Roth (Divergent 2);
Prodigy, Marie Lu (Legend 2, disponível);
The Doors of Stone, Patrick Rothfuss (The Kingkiller 3, provavelmente em 2025, segundo o autor...).





2 comentários:

  1. Essa questão da espera é bem interessante! Ontem mesmo li um artigo sobre o Netflix reclamando que ele tira aquela expectativa de esperar um novo episódio cada semana.. mas por outro lado, acho válido que cada um assista ou leia a seu próprio ritmo. Se a espera for longa demais, vc esquece uns detalhes, desanima.. tem que achar um ponto ideal xD O Netflix vai lançar uma série original, House of Cards, e os 13 episódios vão ficar disponíveis ao mesmo tempo! Acho uma opção legal, eu pessoalmente não gosto de ter que esperar XD

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  2. Esse artigo é engraçado, porque muitas pessoas esperam as temporadas acabarem para vê-la completa, rs. Sempre acaba sendo uma questão de escolha - eu acho que depende do quanto a história "permite", porque há livros e seriados que não dá para esperar mesmo.

    House of Cards parece incrível, recebi um email do Netflix hoje. Você viu o elenco? E David Fincher na direção? Wow. Parece daqueles que não dá para ver aos poucos, rsrs.

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